Jornal Correio Braziliense

Economia

Brics ratificam contribuição ao fundo anticrise do FMI, mas sob condições

Los Cabos - Os presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ratificaram a vontade de seus países em contribuir ao fundo anticrise do FMI, mas afirmam que o primeiro deve implementar a reforma do poder de voto no organismo financeiro, informaram fontes oficiais nesta segunda-feira.

Os presidentes "concordaram em incrementar os recursos disponíveis para o Fundo Monetário Internacional (...) contanto que estes recursos sejam utilizados apenas depois dos atuais disponíveis", disse o texto divulgado após o encontro. "Além disso, todas as reformas (do FMI) acordadas em 2010 serão completamente implementadas a tempo, incluindo uma reforma de voto", disse o texto.

O FMI busca terminar de fechar acordos para aumentar sua capacidade creditícia em 430 bilhões de dólares, que seriam disponibilizados para as nações em crise. Até agora, o Fundo conseguiu compromissos de 340 bilhões. Os Brics já haviam anunciado em abril sua intenção de contribuir a este mecanismo anticrise, mas até agora não revelaram os montantes de suas eventuais contribuições.

O acordo, surgido após a reunião desta segunda-feira no balneário mexicano de Los Cabos (noroeste), prévio à reunião de presidentes do G20, condiciona os aportes destas nações emergentes a sua mais importante demanda no seio do FMI: aumentar seu peso, seu poder de voto dentro do organismo financeiro.



Fontes das delegações dos Brics indicaram à AFP que os cinco países estão de acordo principalmente em exigir que o Fundo aplique as reformas acordadas em novembro de 2010 e que levem a um incremento do poder de voto destas nações ao Fundo através de um aumento de suas cotas.

Os acionistas do Fundo se distribuem no poder de voto em função de sua parte do capital do organismo financeiro. Os cinco presidentes se reuniram em um luxuoso hotel de Los Cabos, em um encontro no qual discutiram sobre intercâmbios comerciais em moedas locais e reservas monetárias.

De acordo com último relatório semestral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), as grandes economias emergentes, como Brasil e China, estão se beneficiando de uma melhora moderada de seu crescimento, após um período de desaceleração. "Os grandes países emergentes registram uma recuperação cíclica moderada", destaca o documento.

No Brasil, existem sinais de que a economia está melhorando, graças ao consumo privado e aos investimentos, com risco de pressões inflacionárias. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro passou de 7,6% em 2010 a 2,7% em 2011, mas em 2012 subirá a 3,2% e em 2013 a 4,2%, segundo a OCDE.

A China, que registrou um crescimento do PIB de 10,4% em 2010 e de 9,2% em 2011, deve registrar um avanço de 8,2% em 2012, mas em 2013 inverterá a tendência de desaceleração e subirá 9,3%. Na Índia, onde a inflação continua sendo relativamente alta, os economistas projetam um crescimento de 7,3% este ano e de 7,8% em 2013.