Contudo, a Europa não está disposta a participar do G20 de México para receber lições econômicas ou da democracia, conforme afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, antes do início da reunião fórum em Los Cabos. "Francamente, não viemos receber lições de democracia ou sobre como manejar a economia", expressou Barroso em coletiva de imprensa.
A Europa é acusada de alimentar o desânimo ao deixar que se agrave a crise, iniciada em 2009 na Grécia e que em seguida contagiou Irlanda, Portugal e, mais recentemente, a Espanha, que aceitou uma ajuda para seus bancos de até 100 bilhões de euros que, no entanto, não conseguiu acalmar os mercados.
Nos encontros bilaterais, antes do início da reunião - prevista para às 15H00 (21H00 GMT; 18H00 de Brasília) -, foram abordados outros temas como Síria, motivo de um encontro crucial de Obama com o presidente russo, Vladimir Putin
A zona do euro tem "três meses" para convencer seus sócios comerciais, advertiu nesta semana a diretora gerente do FMI, a francesa Christine Lagarde. Para cumprir esse objetivo, os líderes europeus deverão aproveitar a reunião do G20 em Los Cabos - balneário mexicano no extremo sul da península da Baixa Califórnia -, antes que seja realizada, no fim do mês, uma esperada cúpula europeia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse por sua vez que o novo governo grego, que se formará após as eleições de domingo deverá cumprir os compromissos assumidos por Atenas em troca do pacote de resgate da UE e do FMI. A Alemanha tem sido um dos países da Eurozona mais duros e tem insistido em que a Grécia tem que ater-se ao acordado se deseja obter os fundos que necessita para evitar que sua economia entre em default. "O governo grego tem que cumprir e cumprirá seus compromissos", afirmou Merkel.
Os Estados Unidos, países emergentes e inclusive europeus pressionam Berlim para que relaxe suas exigências de austeridade orçamentária para reativar o crescimento. Mas Merkel se nega e insiste em instaurar reformas a longo prazo.
"Os resultados da Alemanha mostraram que se trata do caminho correto", disse na semana passada. "As reformas precisam de tempo para que se reflitam no crescimento", insistiu, apesar de a França e outros países europeus como a Itália serem partidários de medidas de curto prazo. "A zona do euro não pode ser a única responsável pelo crescimento. Todos os sócios devem fazer esforços", criticou na quinta-feira a chanceler alemã, que pediu para que não se espere que a Alemanha resolva tudo. "A força da Alemanha não é ilimitada", advertiu.
Nesse sentido, o México busca evitar que a crise europeia monopolize a agenda. "Nosso objetivo não é o de circunscrever, nem reduzir a ordem do dia do G20 ao tema europeu. Vamos abordá-lo, mas nosso objetivo é ampliá-lo mais", disse na terça-feira o presidente mexicano Felipe Calderón. A questão do aumento de recursos do FMI, que já está previsto, será um dos temas abordados em Los Cabos, acrescentou.
Os países ricos e emergentes do G20 se comprometeram no fim de abril, em Washington, a aumentar os recursos financeiros do FMI em mais de US$ 430 bilhões. Também os presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ratificaram a vontade de seus países em contribuir ao fundo anticrise do FMI, mas afirmam que o primeiro deve implementar a reforma do poder de voto no organismo financeiro, informaram fontes oficiais nesta segunda-feira.
Os presidentes "acordaram em incrementar os recursos disponíveis para o Fundo Monetário Internacional (...) contanto que estes recursos sejam utilizados apenas depois dos atuais disponíveis", disse o texto divulgado após o encontro. "Além disso, todas as reformas (do FMI) acordadas em 2010 serão completamente implementadas a tempo, incluindo uma reforma de voto", disse o texto.