Chicago - A Espanha escolherá nesta segunda-feira as duas consultorias que deverão avaliar o estado de saúde do setor bancário nacional, e espera poder anunciar seus resultados em um mês, declarou neste domingo o chefe de Governo espanhol, Mariano Rajoy, à margem da cúpula da Otan. Rajoy fez tal declaração após manter uma reunião bilateral com a chanceler alemã, Angela Merkel, qualificada de "muito agradável", à margem da cúpula da Otan em Chicago.
Em meio à crescente preocupação dos mercados sobre a resistência financeira da Espanha, Rajoy quis dar uma nova mensagem de tranquilidade. "Na segunda-feira, escolheremos duas casas de auditoria para realizar este serviço (com os bancos) e no prazo de um mês já teremos uma avaliação da situação de nossas entidades financeiras", disse Rajoy à imprensa.
A reunião com Merkel ocorreu a bordo de um barco no rio que cruza Chicago, e durou mais de hora e meia, segundo um membro da delegação alemã. "A senhora Merkel reafirmou que apoia as reformas que estamos realizando em nosso país e, de forma muito particular, o exercício de transparência que a Espanha fará com suas entidades financeiras", disse Rajoy.
"Tenho que dizer que seria muito positivo repetir esta prática da Espanha em outros países da UE", opinou o líder espanhol. No sábado, Mariano Rajoy afirmou que o setor bancário espanhol não precisa de ajuda da União Europeia, e manifestou surpresa com as palavras do presidente francês, François Hollande, sobre uma intervenção "desejável".
"Não acredito que seja necessária" (a ajuda europeia), declarou Rajoy à imprensa ao chegar a Chicago para a cúpula da Otan. "Não entendo e não sei por que motivo o senhor Hollande disse isto, mas se disse é porque ele tem informações que nós não possuímos", ironizou Rajoy.
Hollande estimou no sábado, durante a cúpula do G8 em Camp David, que a "questão da recapitalização dos bancos, não apenas os espanhóis, será analisada", e que "provavelmente é desejável (...) e ocorrerá mediante mecanismos de solidariedade europeia". A agência de classificação de risco financeiro Moody;s anunciou na quinta-feira passada a redução das notas de 16 bancos espanhóis, devido aos efeitos da atual recessão e da reduzida solvência financeira do governo espanhol.
A decisão afetou o maior banco espanhol, Santander, com uma redução de três graus de sua nota a A3. O segundo do setor, BBVA, e outros dois grandes bancos, Banesto e CaixaBank, também tiveram suas notas reduzidas para A3, que segundo a Moody;s, representa um risco de crédito baixo, no patamar médio-alto da escala.