La Paz - A empresa privada Rede Elétrica da Espanha (REE) irá se reunir nesta segunda-feira (7/5) com o governo da Bolívia para negociar uma indenização pela nacionalização de uma transportadora de eletricidade.
O ministro boliviano do Petróleo, Juan José Sosa, confirmou uma reunião com o presidente da REE, José Folgado, que chegou a La Paz "para discutir a questão da compensação", enquanto o vice-presidente Alvaro Garcia reiterou que a Bolívia irá pagar a indenização logo após uma avaliação de ações e patrimônios.
A empresa espanhola e o governo apresentaram estimativas muito diferentes de quanto vale os 100% das ações desapropriadas por La Paz da Transportadora de Electricidad (TDE), utilizada pela REE para explorar 74% das linhas de transmissão do país.
Garcia revelou, no entanto, que o governo tem em mãos uma auditoria realizada pela empresa Price Waterhouse, em 2010, que "diz que a empresa vale cinco milhões de dólares".
"É um fato interessante, vamos rever a questão", afirmou o vice-presidente, que acrescentou que "talvez a avaliação afirme que não devemos pagar nada".
O ministro José Sosa afirmou que a TDE só investiu "81 milhões de dólares em transporte de energia entre 1997 e 2011 e praticamente tudo o que fez foi lucrar".
A REE, que assumiu o controle da TDE em 2002, depois que foi privatizada em 1997, divulgou números diferentes.
"Foram mais de 74 milhões dólares investidos entre 2002-2011, dos quais 69 mi correspondem aos projetos da rede de transportes. A isso, devem ser adicionados outros 14 milhões de dólares direcionados para projetos já iniciados, o que eleva para mais de 88 milhões de dólares", disse a REE.
[SAIBAMAIS]A União Europeia alertou em Bruxelas que a nacionalização boliviana pode gerar problemas para o país andino, que "terá dificuldades para obter investimentos".
A nova Constituição promovida pelo presidente de esquerda Evo Morales autoriza o Poder Executivo a controlar empresas ou áreas econômicas de produção estratégica.
Morales nacionalizou, desde que chegou ao poder em 2006, empresas de extração de petróleo, nas mãos de uma dúzia de empresas do Brasil, Argentina, Espanha, França e Grã-Bretanha, bem como de telecomunicações, mineração e hidrelétricas.
A nacionalização na Bolívia ocorreu poucos dias depois que a Argentina resolveu expropriar 51% da YPF, petrolífera local pertencente a espanhola Repsol, uma decisão que provocou duras críticas da UE, Estados Unidos e das instituições financeiras multilaterais.