Lisboa - Portugal, sob ajuda financeira da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), começará a entrar em recuperação em 2013, disse nesta segunda-feira (30/4) o governo, garantindo que os objetivos do plano de ajuste aplicado serão cumpridos dentro do esperado.
"Ainda prevemos uma recessão para 2012 e pensamos que 2013 será o ano do início da recuperação econômica", disse o ministro de Finanças, Vitor Gaspar, após a adoção pelo Conselho de ministros de um projeto de estratégia orçamentária até 2016, que será submetido à aprovação do Parlamento e enviado nesta mesma segunda-feira (30/4) à Comissão Europeia (CE).
Tanto a CE quanto o FMI preveem uma recessão de 3,3% do PIB em 2012 e um crescimento de 0,3% em 2013. Mais pessimista, o Banco de Portugal calcula um retrocesso de 3,4% do PIB este ano, seguido de um período de estancamento em 2013.
O governo português confia na obtenção de um avanço de 2,5% do PIB em 2016.
"O ajuste da economia portuguesa tem se desenvolvido dentro do previsto", disse o ministro.
Além disso, Gaspar anunciou que seu país prevê reduzir seu déficit público a 1% do PIB em 2015 e a 0,5% em 2016.
Portugal se comprometeu a reduzir seu déficit público a 4,5% do PIB este ano e a 3% ao final de 2013. No ano passado, o déficit das contas públicas chegou a 4,2% frente a 9,8% em 2010.
Apesar de a imprensa local especular sobre um novo anúncio de medidas de austeridade para permitir que Portugal cumpra seus compromissos macroeconômicos, Gaspar afirmou que os documentos aprovados nesta segunda-feira não contêm nenhuma novidade substancial.
Contudo, o Partido Socialista, na oposição, disse que o prazo acordado no Parlamento para ler este documento é muito curto e ameaça não aprová-lo.
Até o momento, os socialistas portugueses deram um apoio crítico ao governo de centro-direita do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e a seu plano de reformas e de austeridade, elaborado em resposta à ajuda internacional.
"O PS não firmará com os olhos fechados e sem debate um documento que será enviado a Bruxelas", disse o líder da formação, Antonio José Seguro.
Caso essa ameaça se realize de fato, será um duro golpe ao consenso político que Portugal tem demonstrado durante a implantação de seu plano de resgate financeiro, o que, segundo as instituições internacionais credoras, é uma das razões que explicam seu êxito.
Em maio de 2011, Portugal obteve um empréstimo de 78 bilhões de euros da UE e do FMI e se comprometeu a estabelecer um programa de rigor e de reformas em três anos.
Este montante servirá para suprir as necessidades de financiamento do país até setembro de 2013, mas muitos analistas expressaram suas dúvidas sobre o cumprimento deste calendário e acreditam que Portugal poderá precisar de outro plano de ajuda.
O ministro Gaspar, no entanto, rejeita essa possibilidade."Desde que temos um programa de ajuste, nossas perspectivas de retorno aos mercados em curso nunca foram tão positivas", disse Seguro.
Na quarta-feira, Portugal emitirá entre 1,25 e 1,5 bilhões de euros em bônus do Tesouro a seis e doze meses.