Buenos Aires - O Senado argentino debate nesta quarta-feira (25/4) o projeto de lei do Executivo para a expropriação de 51% da petroleira YPF, a principal empresa do país sul-americano e controlada pela espanhola Repsol.
[SAIBAMAIS] No início do debate, cuja duração deve se estender até à meia-noite desta quarta-feira, o presidente da comissão de Assuntos Constitucionais do Senado, Marcelo Fuentes, disse que a expropriação da YPF é um marco histórico para Argentina.
Estima-se que a proposta da presidente Cristina Kirchner será aprovada com um amplo número de votos do Senado, onde o governo possui maioria e contará com o apoio de aliados e as principais forças da oposição.
O mesmo resultado é esperado na votação da Câmara de Deputados, na próxima semana, também dominada pelo governo e respaldada por opositores.
A discussão legislativa se produz em meio a fortes críticas por parte da Espanha, União Europeia, Estados Unidos e alguns organismos internacionais.
Segundo Gerardo Morales, chefe da ala radical - a maior força opositora no Congresso - sua bancada apoiará a iniciativa governamental apesar de suas deficiências e disse que votará a favor "consciente da decisão que tem que tomar hoje o país".
Morales afirmou, no entanto, que houve uma "conivência do governo no caso da YPF" já que o Executivo sabia que a Repsol (dona de 57,4% do capital da empresa) e o grupo (argentino) Petersen (25,4% do capital) iriam repartir 90% dos ganhos e não agiram".
O grupo petroleiro espanhol Repsol disse no início da semana que processará qualquer empresa que aproveitar a expropriação da YPF para investir em sua filial argentina.
"Nós nos reservamos o direito de empreender ações legais contra qualquer investimento na YPF ou em seus ativos ilegalmente expropriados da Repsol", declarou o porta-voz da Repsol Kristian Rix.
O ministro do Planejamento argentino, Julio De Vido, viajou ao Brasil na semana passada para reunir-se com representantes da Petrobras em busca de investimentos na YPF, cuja expropriação de 51%, proveniente do pacote da espanhola Repsol, será debatido na quarta-feira no Congresso.
Esta semana, De Vido e o vice-ministro argentino da Economia, Axel Kicillof, têm na agenda reuniões com diretores das petroleiras americanas Chevron, Exxon e Conoco Phillips, além da canadense Talismã, entre outras, informou a entidade governamental que controla temporariamente a YPF, citada pela agência Télam.
A Repsol estimou em 25 bilhões de dólares anuais durante uma década o investimento necessário para desenvolver a megajazida de Vaca Muerta, situada na província argentina de Neuquén.
A jazida foi classificada pela petroleira como uma das "maiores reservas de hidrocarbonetos não convencionais e com melhor qualidade do mundo", com reservas estimadas em 22,8 bilhões de barris de petróleo.
Alegando uma falta de investimento na Argentina por parte da petroleira espanhola, o governo de Cristina Kirchner anunciou na segunda-feira passada a renacionalização da YPF, após sua privatização em 1999.
O presidente do grupo espanhol, Antonio Brufau, anunciou que a empresa exigirá "uma compensação através da arbitragem internacional" que deverá "ser no mínimo igual" ao valor de sua participação na YPF, estimada em 10,5 bilhões de dólares. Kicillof colocou em dúvida esta estimativa e acusou a Repsol de ocultar 9 bilhões de dólares em dívidas da YPF.