Madri - A Espanha conseguiu, nesta quinta-feira (19/4), emitir mais títulos da dívida no mercado do que o previsto, atraindo um alto volume de investimentos graças a uma taxa de juros em ligeira alta, mas ainda terá que convencer aos mercados sobre seu programa orçamentário.
O governo espanhol teve que oferecer juros em alta para obter a captação, mas que ficaram abaixo da barreira psicológica de 6%, para os títulos a 10 anos. Foram realizadas operações a dois e 10 anos, nas quais foram captados 2,541 bilhões de euros, resultado acima da meta inicial.
As emissões tinham como objetivo uma arrecadação de 1,5 bilhão a 2,5 bilhões de euros.
As taxas de juros a 10 anos chegaram a 5,743%, contra 5,403% da última emissão, em 19 de janeiro, informou o Banco da Espanha.
O vencimento a 10 anos havia disparado na emissão de 17 de novembro de 2011, a 6,975%, em um clima de tensão extrema nos mercados. O resultado foi uma taxa recorde desde a criação da Eurozona e seu elevado nível era considerado insustentável.
A situação ficou mais calma no início do ano, mas a tensão voltou nas últimas semanas, inclusive com o anúncio de recessão na Espanha.
Na operação a dois anos, a taxa de juros foi de 3,463%, levemente inferior aos 3,495%, registrados em 6 de outubro de 2011.
Segundo especialistas, a emissão da dívida espanhola foi a boa notícia do dia, pois havia muito expectativa com relação a ela. "Continua havendo muito interesse na dívida espanhola", disse Javier Casal, especialista em dívida pública no grupo de serviços financeiros Ahorro Corporación.
A demanda superou os 7 bilhões de euros, o que permitiu ao Tesouro emitir 2,541 bilhões de euros, sendo que a captação estimada era entre 1,5 e 2,5 bi.
Na captação a dez anos, no entanto, referência sobre o nível de confiança dos investidores, os juros subiram para 5,743%, contra 5,403% na última emissão similar, de 19 de janeiro, segundo o Banco da Espanha.
Segundo Casal, esta alta das taxas é normal, porque nos mercados a diferença da taxa espanhola (com relação as taxas das obrigações alemãs - referência da Eurozona) subiu muito nas últimas semanas.
O analista da IG Markets, Daniel Pingarrón, destacou que as taxas de juros pagas pela Espanha subiram menos que o esperado e continuam abaixo da barreira psicológica de 6%.
"Para prevenir-se, o Tesouro espanhol havia rebaixado as metas de emissão desta semana", disse Pingarrón, após aproveitar a relativa calma dos mercados no início do ano, o que lhe permitiu alcançar 50% do seu programa anual de captação.
A Bolsa de Madri fechou abaixo dos 7.000 pontos nesta quinta-feira (19/4) - seu mais baixo nível em três anos - ao perder 2,42% (171,10 pontos), para os 6.908,10 pontos. Na quarta-feira, o índice recuou 3,99%.
Desde o início do ano, a bolsa de Madri já recuou mais de 18%, contra queda de 3% da Bolsa da Itália - outro país europeu na mira dos mercados.
"Estas tensões não irão acalmar no curto prazo e nem mesmo no médio prazo", adverte Pingarrón, que as considera "um pouco injustas e bastante exageradas".
"A Espanha tem substituído a Grécia como o país que mais tem problemas", analisa.
Desde o início do ano, a bolsa de Madri já recuou mais de 18%, contra queda de 3% da Bolsa da Itália - outro país europeu na mira dos mercados.
"Estas tensões não irão acalmar no curto prazo e nem mesmo no médio prazo", adverte Pingarrón, que as considera "um pouco injustas e bastante exageradas".
"A Espanha tem substituído a Grécia como o país que mais tem problemas", analisa.