O crédito fácil levou servidores públicos federais a um nível de endividamento considerado explosivo pelo governo. Em média, as dívidas somam de três a quatro vezes o salário mensal, sobretudo entre os trabalhadores do Banco Central, do Judiciário e do Legislativo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), dívidas de até R$ 600 mil são comuns entre o funcionalismo ; e tudo gasto com supérfluos. A queda dos juros é um alívio para esse público, que terá oportunidade de renegociação com taxas melhores. O receio no Palácio do Planalto e nas instituições financeiras, entretanto, é que esses consumidores não reestruturem suas contas e usem o crédito mais barato apenas para rolar a fatura e continuar a gastança.
O problema do alto endividamento entre funcionários públicos, segundo especialistas, é antigo e se agravou depois do surgimento do crédito consignado, que permite o desconto direto na folha de pagamento. No Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), a questão começou a ganhar destaque em 2009, quando a instituição notou que vários servidores contratavam o empréstimo acima da margem de endividamento permitida, de 30% do salário. Eles usavam as comissões e gratificações para elevar os rendimentos e obter mais recursos nos bancos.