O governo já traçou o roteiro. Como prometeu a presidente Dilma Rousseff, em sua viagem à Índia, será anunciado hoje mais um pacote de estímulos à indústria. Apesar de toda a embalagem pomposa, as medidas serão um pouco mais do mesmo. Estão previstos incentivos fiscais, redução dos encargos trabalhistas para setores considerados estratégicos, mais R$ 18 bilhões em crédito subsidiado pelo Tesouro Nacional por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e novas barreiras tarifárias a importados. Tudo, segundo o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, para proteger o parque fabril brasileiro e dar mais competitividade às mercadorias exportadas pelo país, muitas delas afetadas pela valorização do real ante o dólar.
Ainda que atenda a 14 segmentos da indústria, o pacote do governo está longe de promover uma revolução em defesa da produção nacional. Seu foco mira as distorções criadas pelo dólar barato. Para os especialistas, da forma como foram desenhadas, as medidas antidesindustrialização podem incrementar a escalada de uma política protecionista e estimular a distribuição de favores localizados. O câmbio e a crescente invasão de importados realmente têm impactado o setor fabril e inibido os investimentos. Mas os problemas vão muito além. As dificuldades são estruturais e só serão superadas com ações de longo prazo, não emergenciais.