Copenhague - A Europa recebeu nesta sexta-feira (30/3) como positivo o projeto de orçamento mais austero da história da Espanha - país que se tornou a maior preocupação financeira do continente - anunciou, em Copenhague, o ministro espanhol da Economia, depois de se reunir com os colegas da Zona do Euro.
"A reação foi positiva em termos gerais", embora a Comissão e os parceiros europeus de Madri aguardem "detalhes mais específicos", disse o ministro Luis de Guindos à imprensa.
"Há uma percepção de que a Espanha faz um esforço notável para que os cortes sejam aplicados o mais rápido possível", acrescentou.
O governo espanhol aprovou nesta sexta-feira seu orçamento para 2012, que prevê um ajuste de "mais de 27 bilhões de euros", para tentar reduzir seu déficit e fortalecer a economia do país.
As medidas incluem o aumento de impostos, o congelamento dos salários dos funcionários públicos e cortes de 16,9% em média nos orçamentos dos ministérios. Os custos da eletricidade e do gás também vão aumentar.
Depois de tomar conhecimento da informação, Olli Rehn, comissário europeu para Assuntos Econômicos, saudou a "determinação" da Espanha, indicando, no entanto, em entrevista à imprensa, que será necessária uma "avaliação" mais detalhada.
Jorg Asmussen, membro do diretório do Banco Central Europeu (BCE) expressou, por sua vez, o desejo de que este orçamento seja aplicado logo, para que tenha um rápido "impacto".
O objetivo do governo espanhol é claro: reduzir em 12 meses o déficit público de 8,51% em 2011 a 5,3% do PIB este ano. Para 2013, a meta é chegar a um percentual de 3%, como estipula o Pacto de Estabilidade e Crescimento Europeu.
Segundo Luis de Guindos, o "ajuste" espanhol será posto em prática num "cenário macroeconômico realista". Trará, no seu entender, "benefícios positivos", como a "credibilidade" na economia espanhola.
O ministro espanhol afirmou que "foi valorizado (na Europa) o conjunto de medidas" tomadas pelo governo conservador de Mariano Rajoy - no cargo desde dezembro -, em alusão, entre outras, à recente reforma trabalhista.
No entanto, a gravidade da situação espanhola não passou despercebida na reunião de Copenhague. "A Espanha está numa muito difícil situação", disse Olli Rehn.
O banco americano Citi tinha sido mais virulento na quarta-feira, quando afirmou que a "Espanha deva, provavelmente, em nossa opinião, entrar em algum tipo de programa com a ajuda da ;troika; (da UE, do BCE e do FMI) em 2012". Uma fonte europeia negou, no entanto, que essa possibilidade seja necessária.