Madri - A agência de classificação de crédito, Fitch, diminuiu nesta sexta-feira (23/3) em um escalão, para BBB, a nota de longo prazo do grupo petroleiro Repsol YPF e outra província argentina retirou mais duas concessões de exploração da empresa. Ainda assim, a empresa continua atraente ao mercado por possuir um bom potencial de crescimento, dizem especialistas.
Segundo a Fitch, a redução resulta do anúncio feito em 21 de março pela direção da YPF, que é 57% propriedade da Repsol, de transformar em ações seus dividendos de 2011. O grupo defende que, com esta decisão, os dividendos não sairão da Argentina, mas Buenos Aires a rejeitou por considerar que não garante um investimento maior.
"Devido aos recentes acontecimentos na Argentina e à pressão do governo sobre a YPF para que reinvista o fluxo de capital em operações no país no médio prazo, a Fitch decidiu desconsolidar a YPF do fluxo de capital e dívida da Repsol", afirmou a agência ao explicar sua decisão.
O governo de Cristina Kirchner pede a Repsol YPF um incremento de seus investimentos para atenuar o impacto do forte aumento das importações de hidrocarbonetos no país, que em 2011 chegaram a 9 bilhões de dólares.
Depois que três províncias petrolíferas argentinas reagiram a estas acusações retirando a concessão de seis áreas de exploração da Repsol, a Fitch advertiu na terça-feira sobre o risco de nacionalização da YPF. Nesta sexta-feira, também a província argentina de Mendoza (oeste) rescindiu o contrato de duas áreas de exploração da petroleira Repsol YPF, empresa hispano-argentina que acumula agora a perda de oito zonas em quatro distritos do país. "Rescindimos o contrato por falta de interesse e de investimento por parte da empresa", disse em um ato público o governador de Mendoza, Francisco Pérez.
Segundo Nuria Alvarez, analista da firma Renda 4, a imagem da Repsol está em declínio no mercado e por isso a redução da Fitch já era algo antecipado. Por isso não se deve esperar grande impacto da decisão da Fitch nas ações da empresa, completou Daniel Pingarrón, analista da IG Markets.
"Normalmente uma queda no rating de uma companhia passa desapercebida e, neste caso em especial, não houve grandes mudanças nas projeções atuais da Repsol", explicou Pingarrón.
Em 2011, a YPF representou cerca de 35% do Ebitda consolidado da Repsol e pagou cerca de 750 milhões de dólares em dividendos.
Esta degradação acontece uma semana depois de outra agência de classificação, a Moody;s, ter reduzido também em um escalão a nota da Repsol YPF, para "Baa2", devido principalmente a resultados inferiores ao previsto.