Paris - Em seu primeiro grande comício eleitoral, o presidente da França, Nicolas Sarkozy defendeu, neste domingo (11/3), medidas protecionistas para empresas europeias, ao mesmo tempo em que ameaçou tirar a França do espaço Schengen, se os acordos europeus sobre a política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas não forem revistos, para evitar a imigração clandestina.
Candidato à reeleição, Sarkozy fez um longo discurso em Villepinte, perto de Paris, para 50 mil pessoas, destacando que só com uma política forte a Europa poderá evitar o deslocamento de pessoas.
"A Europa não deve mais ser uma ameaça, mas uma proteção", insistiu Sarkozy, frisando que é hora de apoiar as empresas locais e impedir a entrada descontrolada de imigrantes e importações baratas que demonstram a ausência de controles protecionistas no bloco.
Ele também voltou a defender um "Buy European Act" à americana, ou o "Ato Compre (produto) Europeu", numa tradução livre, em busca de uma melhor proteção às empresas europeias.
Citou o exemplo dos Estados Unidos, dotados desde 1933 do "Buy American Act" ("Loi Achetez Américain" em francês), "uma legislação que obriga a reservar uma parte das encomendas públicas feitas pelo governo a empresas locais". Sarkozy prometeu que "a França exigirá que, a partir de agora, as Pequenas e Médias Empresas europeias participem da cota do mercado público que seria reservado a elas.
Medida protecionista por excelência, o "Buy European Act" se inscreve na mesma lógica que o "Achetez français", um tema em voga na França em períodos de crise, tanto na esquerda como na direita. Visa a proteger os bens produzidos pelos franceses dos excessos da globalização, a exemplo de uma política de preferência nacional em vigor, principalmente, nos Estados Unidos e na China.
Ainda em relação à Europa, o chefe de Estado pediu a revisão dos acordos Schengen para melhor controlar a imigração clandestina.
Segundo o presidente francês, que está atrás do socialista François Hollande nas pesquisas de opinião para as eleições de abril e maio, um sistema de sanções punindo países que não vigiam bem suas fronteiras é necessário para controlar a imigração na Europa; e a França poderia suspender sua participação na zona Schengen, se não houver progresso.
Vinte e seis países assinaram os acordos Schengen, um dispositivo que entrou em vigor em 1985, mas foi modificado em 2007, pelo Tratado de Lisboa e vem sendo objetivo de tensão na UE, devido ao temor da imigração clandestina.
O lema do comício de Sarkozy foi Uma França forte, uma mensagem de seu partido, o UMP.
Sarkozy tenta inverter as sondagens e tem presa para fazê-lo antes que comece a campanha oficial, quando todos os candidatos terão o mesmo tempo para aparecer na televisão.
Assim, em busca de mais fôlego para reverter a espiral que o dá por derrotado no dia 6 de maio, no segundo turno das eleições presidenciais, Nicolas Sarkozy fez novamente um discurso muito à direita, sobre os estrangeiros e o Islã.
"É para auxiliar as mulheres a dominarem seu próprio destino que quisemos proibir a burca no território da República francesa", disse ele, em referência a uma lei de 2011 aprovada, segundo uma pesquisa, por 90% dos franceses.