Jornal Correio Braziliense

Economia

Fosso que separa homens e mulheres no mercado de trabalho ainda é grande

Paris - Apesar dos reais progressos nos últimos 20 anos, as mulheres ainda são menos remuneradas do que os homens, menos representadas em cargos de responsabilidade, mesmo com mais qualificações e assumindo a maioria das tarefas domésticas, segundo o INSE.

"Se levarmos em conta a esfera escolar e profissional, as mulheres são mais compromissadas (...), mas têm mais restrições quanto ao horário de trabalho", resumiu à imprensa Pascale Breuil, responsável pelos estudos demográficos do Instituto de Estatística.

Mesmo assim, atualmente, as mulheres estão muito mais presentes no mercado de trabalho: eram 59% de mulheres ativas em 1990 e 66% em 2010 (75% de homens), observa o estudo, publicado por ocasião do Dia Mundial da Mulher.

"Mas a faca é de dois gumes, porque elas também estão mais presentes em empregos não qualificados" e são frequentemente submetidas a empregos de tempo parcial, muitas vezes contra a sua vontade, disse Valerie Albouy, do INSEE.

Entre as mulheres assalariadas, 31% trabalham em tempo parcial contra 7% dos seus homólogos masculinos. Eram 24% em 1990. E são três vezes mais numerosas (9%) do que os homens em querer trabalhar mais.

Elas continuam mais vulneráveis ao desemprego, mas "o fosso em relação aos homens diminuiu significativamente", afirma o INSEE. De uma diferença de quatro pontos em 1990, essa diferença caiu para 0,7 pontos em 2010: 9,7% de desemprego entre as mulheres, 9% entre os homens.

Porque trabalham menos, exercem uma atividade menos rentável e com menos frequência e por ocupar menos cargos de liderança (39%) do que os homens, as mulheres recebem menos: 25% menos em 2009.

Mas o tempo de trabalho não explica tudo: até mesmo quando este tempo é equivalente, a diferença é de 20% no setor privado e 15% público.

Ainda assim, "as meninas ampliaram o seu tempo na escola", disse Albouy: 48% das mulheres com idades entre 25 e 29 anos possuíam diploma universitário em 2010 contra 22% em 1991 (contra 37% e 20% respectivamente para homens).

Consequência dos salários e tempo de trabalho, as aposentadorias das mulheres em 2008 chegava a 833 euros (excluindo as pensões pagas às viúvas) para mulheres e a 1.743 euros para os homens. De acordo com o INSEE, as diferenças "diminuíram ao longo das gerações, mas devem persistir no futuro".

Se as mulheres nascidas na década de 70 recebem aposentadorias equivalentes a 80% de seus cônjuges, a paridade não deve ser alcançada em breve, exatamente porque as desigualdades no mercado de trabalho persistem.

As desigualdades permanecem em casa também.

Se a diferença de tempo gasto em tarefas domésticas entre homens e mulheres foi reduzida em 40% em 25 anos, de uma média de 3 horas em 1986 para 1 hora e 48 minutos em 2010, deve-se ao fato das mulheres passarem menos tempo dentro de casa e não porque seus cônjuges colocam a mão na massa.

Elas utilizam 4 horas do dia (uma hora a menos do que em 1986) para limpar ou cuidar dos filhos, enquanto os homens passam duas horas, como há 25 anos.