Jornal Correio Braziliense

Economia

Banco Central espera queda de gastos do setor público com juros nominais

Apesar de os gastos do setor público com juros nominais terem registrado recorde em janeiro (R$ 19,661 bilhões), a tendência é que haja um recuo, segundo a expectativa do Banco Central (BC).

Em 12 meses encerrados em janeiro, os gastos com juros chegaram a R$ 237,054 bilhões, o maior resultado da série histórica, iniciada em 2001. Em relação a tudo o que o país produz ; Produto Interno Bruto (PIB), houve queda para 5,71%, em janeiro ante 5,72%, em dezembro. Na avaliação do chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, essa pequena redução de um mês para o outro no indicador em 12 meses já indica a tendência de queda nos juros nominais em relação ao PIB.

Segundo Maciel, apesar do resultado recorde, em reais, a expansão dos gastos com juros foi ;bastante moderada;. Isso aconteceu como resultado da inflação menor. A dívida pública é corrigida por índices de inflação. Maciel explicou o resultado de janeiro como influência de ter havido um dia útil a mais nesse mês em 2012 em relação a 2011 e o crescimento do estoque da dívida.

Maciel também destacou que a perspectiva é que haja diminuição do resultado nominal em relação ao PIB, como resultado da influência da queda dos gastos com juros, da redução da taxa básica de juros e da inflação, além de crescimento da economia. Outros fatores são o aumento da arrecadação de tributos e a redução das despesas de governo. Maciel ressaltou que o aumento da arrecadação é resultado do crescimento da atividade econômica e geração de emprego. ;É importante também olhar esse aumento de arrecadação pelos aspectos positivos que estão por trás;.

Em 12 meses encerrados em janeiro, o déficit nominal (receitas menos despesas, incluídos os gastos com juros) em relação ao PIB ficou em 2,41%, ante 2,61% de dezembro de 2011.

Os dados do BC também mostram que o superávit primário (receitas menos despesas, excluídos os juros da dívida) em 12 meses chegou a R$ 136,978 bilhões, o que corresponde a 3,3% do PIB. Somente em janeiro, o superávit primário ficou em 26,016 bilhões, o maior resultado para esse mês em toda a série histórica. Também foi o segundo melhor da série para qualquer período do ano, perdendo apenas para o de setembro de 2010, quando o resultado foi influenciado por operação de capitalização da Petrobras.

Em janeiro, o setor público atingiu cerca 19% da meta do superávit primário para o ano ; R$ 139,8 bilhões. Para Maciel, o resultado "sinaliza claramente o comprometimento do governo para o cumprimento da meta este ano".