MEXICO - O G20 condicionará a entrega de mais recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) à criação de medidas anticrise na zona do euro, revelou neste domingo um delegado que participa da reunião dos ministros das Finanças do grupo, na Cidade do México.
O comunicado final do encontro previsto para este domingo destacará que estas medidas anticrise são uma contribuição essencial à estabilidade da economia mundial, acrescentou o delegado, que pediu para não ter o nome divulgado.
O delegado estimou que o reforço das medidas anticrise, essencialmente os fundos de resgate e de estabilidade europeus, já tem consenso suficiente entre os europeus.
Fora da zona do euro, o consenso é de que a Europa deva criar um mecanismo antes que o restante do mundo injete recursos do FMI, revelou o delegado, que participa da reunião ministerial do grupo das economias industrializadas e emergentes.
O tema da crise da dívida na zona do euro dominou as discussões entre os ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20.
A União Europeia realiza na próxima quinta-feira, em Bruxelas, uma cúpula que discutirá os alcances do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES), que deve entrar em vigor em julho próximo.
Os Estados Unidos pressionam por medidas anticrise mais fortes em função das capacidades europeias e sugerem, junto com o FMI, que se combine o atual Fundo Europeu de Estabilidade Financeira ao MES, com o que a zona do euro poderá contar com 750 bilhões de euros em recursos contra a crise.
Mas a Alemanha, a maior economia da Europa, já advertiu que as medidas anticrise se manterão dentro dos limites da ortodoxia orçamentária e monetária.
Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), muito envolvidos na discussão do aumento dos fundos do FMI e do peso dos emergentes no organismo, tambêm vinculam a ajuda aos europeus às medidas anticrise.
Segundo o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, os países emergentes darão mais recursos ao FMI desde que os europeus reforcem suas medidas para enfrentar a crise e cumpram com a reforma que prevê maior poder de decisão a estas economias no Fundo Monetário Internacional.
"Os emergentes vão ajudar os europeus desde que reforcem suas medidas de socorro e façam mais do que estão fazendo com os fundos de estabilidade. Também deverão cumprir com a reforma do FMI" acertada em 2010, que prevê um novo sistema de cotas e votos visando ampliar a participação das economias emergentes nas decisões do organismo, disse Mantega.
"Não podemos acertar um aumento de recursos sem a aplicação desta reforma" no FMI, concluiu.