Jornal Correio Braziliense

Economia

Brasil insiste em ação coordenada dos Brics para aumentar fundos do FMI

México - O Brasil insistirá com seus sócios dos BRICS, grupo de economias emergentes, para uma ação coordenada visando elevar os fundos do FMI e ajudar os países em crise, apesar de a decisão final só poder ser adotada depois que os europeus esgotarem todos os meios para resolver seus problemas.

"A posição do Brasil é a de ajudar a reforçar o FMI, desde que a Europa faça a sua parte", declarou sob anonimato uma fonte da delegação brasileira sobre a reunião de ministros da Fazenda e chefes dos bancos centrais do G20, anterior à cúpula presidencial de junho.

Este sábado, os representantes dos BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) se reuniram para tratar do assunto à margem das discussões do G20. Os cinco países representam cerca de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 40% das reservas monetárias do planeta.

"A ideia do Brasil é que se atue de forma coordenada e que a ajuda, além das condições à Europa, seja acompanhada de reformas na governança do FMI" acordadas, declarou a fonte.

Desde meados de 2011, o Brasil, a maior economia da América Latina e a sexta do mundo, propôs ajudar os países europeus em crise através do FMI, em troca de aumentar seu poder de decisão dentro do organismo e sob a condição de que a União Europeia (UE) esgote as possibilidades de resolver os problemas por seus próprios meios.

Isto implica em que a UE reforce seus fundos de resgate para apoiar os países atingidos pela crise. Os líderes europeus preveem se reunir dia 1 e 2 de março para tomar uma decisão a respeito.

O FMI e os Estados Unidos, entre outros, exortaram os europeus a combinar o atual Fundo Europeu de Estabilidade Financeira ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, que deve ser criado em julho, passando a contar no total com cerca de 750 bilhões de euros.

A expectativa diante do que pode ocorrer no encontro de março "anula a possibilidade" de que o G20 defina antes o montante de desembolsos para o FMI, destacou há alguns dias um funcionário do Ministério da Fazenda do Brasil.

"Talvez nada aconteça neste fim de semana. Estes encontros nos permitem nos focar, nos disciplinar e aos encarregados de tomar decisões, estabelecer algumas datas limite para alcançar acordos", destacou o secretário geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mexicano Angel Gurría.

O organismo busca cerca de 500 bilhões de dólares para enfrentar a crise da dívida na zona euro e suas eventuais repercussões em outras regiões do mundo. Até agora recebeu o compromisso da zona euro de contribuir com cerca de 200 bilhões de dólares.

Junto ao Brasil - que aspira estar entre os 10 países que mais emprestam ao FMI -, Estados Unidos, Canadá, México e Japão seguem em compasso de espera.

"Ainda é cedo para começar a discutir pontualmente sobre modalidades e quantias", disse José Antonio Meade, secretário da Fazenda do México, país que exerce atualmente a presidência do G20 de economias industrializadas e emergentes.

Em 2005, o Brasil pagou de forma antecipada sua dívida com o FMI e em 2009 se transformou, pela primeira vez, em credor desse organismo, com um desembolso de 10 bilhões de dólares provenientes de suas reservas em troca de mais direitos de voto na instituição.