Paris - Após o acordo realizado na reunião de ministros das Finanças da Eurozona, consolidado na madrugada desta terça-feira em Bruxelas, a Grécia eliminará 107 bilhões de euros dos mais de 350 bi referentes a sua dívida pública, consolidando o maior perdão da história financeira mundial.
O recorde anterior era ostentado pela Argentina, cuja dívida chegou a 82 bilhões de dólares (73 bilhões de euros na época) quando declarou a moratória, em janeiro de 2002. No caso da Grécia, no entanto, não se trata de uma suspensão de pagamentos, mas sim de um complexo plano de resgate, acordado pelos credores públicos e privados do país.
Os bancos, asseguradoras, fundos de investimento e fundos de pensão perderão ao todo 107 dos 200 bilhões de euros em dívida grega que possuem. Concretamente, eles receberão, em troca dos títulos que possuem atualmente, obrigações novas cujo valor se reduzirá a menos de 53,5% do anterior. Com isso, 15% do valor inicial desses papeis se converterá em obrigações emitidas pelo fundo de resgate europeu (FEEF) e 31,5% em obrigações gregas a 30 anos. Os 53,5% restantes serão condenados.
As novas obrigações propostas pelos credores privados vencerão em 30 anos, ou seja, mais tarde que os títulos que possuem atualmente. O fato de mobilizar o dinheiro por mais tempo que o previsto tem um custo para os credores, o que se traduzirá em perda. "Quando te propõem um reembolso em dez anos ou em trinta, você sempre escolherá o de dez", explica Xavier Paper, fundador e sócio do escritório Paper Audit and Conseil. Além disso, os juros das novas obrigações serão de 3,65%, muito inferior ao dos títulos que os credores privados têm agora. Esse rendimento menor implicará igualmente em uma perda.