Jornal Correio Braziliense

Economia

Grécia tem greve geral enquanto União Europeia pressiona por acordo

Atenas - A Grécia vivia nesta terça-feira (7) uma greve geral contra as novas medidas de austeridade pedidas pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para desbloquear um acordo que evite a quebra do país em março.

Sob chuva fina, milhares de grevistas e manifestantes se reuniram em frente ao Parlamento, convocados pelos dois principais sindicatos do país.

Portando cartazes com dizeres como "não às demissões na função pública", "não à redução do salário mínimo" e "não aos cortes das pensões complementares", os manifestantes resumiram suas objeções às novas reformas exigidas pela UE e pelo FMI em troca de um segundo plano de resgate de 130 bilhões de euros, ainda em plena negociação.

A greve afeta a atividade de escolas, ministérios, bancos e hospitais. Os barcos pretendem permanecer fechados por 24 horas e não estão previstos serviços de trens. Contudo, não esta planejada a anulação de nenhum voo, já que os controladores aéreos não participavam no paro.

Os sindicatos protestam pelas últimas medidas pedidas pela UE e pelo FMI, como a redução do salário mínimo, novos cortes nas pensões e a demissão de 15 mil funcionários.

O tempo está cada vez mais apertado para a Grécia. Em março, haverá um vencimento da dívida de 14,5 bilhões de euros que o país não poderá honrar sem assistência exterior.

Neste clima de pressão, o primeiro-ministro, Lucas Papademos, teve uma longa reunião na segunda-feira com os representantes dos credores institucionais do país (UE, FMI, Banco Central Europeu) para negociar as novas medidas de rigor.

O problema é que as novas exigências suscitam fortes reticências entre os três partidos do governo (socialistas, conservadores e ultradireita) pouco antes de umas eleições legislativas que poderão ser celebradas em abril.

Papademos voltará a reunir-se nesta terça-feira à tarde com os líderes dos três partidos de governo para tentar convencê-los de que aprovem as medidas exigidas pelos credores.

Nos domingo, após cinco horas de discussões com os três dirigentes que apoiam seu governo, Papademos disse que havia um acordo sobre o volume da economia que o Estado teria que fazer (1,5% de PIB), sobre as reformas destinadas a reduzir os custos de produção e sobre um esquema de recapitalização dos bancos gregos.

A Comissão Europeia (CE), no entanto, advertiu na segunda-feira que as negociações para que a Grécia chegue a um acordo com seus credores para evitar a suspensão de pagamentos do país já perderam o prazo.

"A verdade é que já estamos fora do prazo", afirmou o porta-voz comunitário Amadeu Altafaj. "É preciso tomar decisões e a bola está no campo dos gregos", acrescentou.

Há meses, o governo grego batalha em duas frentes: por um lado com seus credores privados para eliminar 100 bilhões de euros da dívida pública, e com seus credores públicos (UE, BCE, FMI) para a concessão de um segundo plano de resgate de 130 bilhões.

Estas duas negociações interconectadas têm por objetivo evitar uma rápida quebra da Grécia e rebaixar o nível de seu endividamento para que seja algo mais sustentável.

Para desbloquear o segundo resgate e aprovar o perdão de 100 bilhões de euros de dívida pública em mãos privadas, o trio UE-BCE-FMI exige a Papandreu, Samaras e Karatzaferis que se comprometam de forma explícita a aplicar os ajustes acordados.

Os três dirigentes, no entanto, têm se mostrado reticentes em se comprometer com medidas impopulares, que podem agravar uma recessão que domina o país desde 2008.

Caso não haja acordo, a Grécia pode entrar em default (moratória) no dia 20 de março, data de vencimento de obrigações no valor total de 14,5 bilhões de euros.