Bucareste - O primeiro-ministro da Romênia, Emil Boc, realizou ajustes aplaudidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE), mas que geraram um forte descontentamento social com relação e seu governo e que levaram a sua renúncia nesta segunda-feira (6).
"Tomei a decisão de apresentar a renúncia do governo", anunciou o primeiro-ministro romeno, cuja popularidade recuou fortemente nas últimas semanas. Boc, de 45 anos e no poder desde 2008, justificou a renúncia alegando que desejava ajudar a situação política e social do país.
Nas últimas semanas, várias personalidades do governamental Partido Democrata Liberal (PDL) pediram a renúncia de Boc, debilitado por um profundo descontentamento social que se traduziu em manifestações em todo o país.
Pouco depois, o presidente Traian Basescu nomeou o ministro da Justiça, Catalin Predoiu, como primeiro-ministro interino "até a formação de um novo governo", anunciou a presidência romena em um comunicado.
Basescu já iniciou consultas com os partidos políticos para nomear a um chefe de governo que dirija o país até as eleições legislativas previstas para novembro.
Segundo os analistas, pode ser eleito um tecnocrata que tenha o apoio da coalizão no poder formada em torno ao PDL.
Contudo, a oposição social-liberal (USL), que iniciou na semana passada uma greve parlamentar, disse nesta segunda-feira que exclui qualquer fórmula que não conduza a eleições antecipadas.
Boc enfrentava uma onda de protestos populares, com uma série de manifestações em todo o país até o final de janeiro.
A saída de Boc acontece pouco depois de uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da UE ter aprovado as reformas dirigidas por Boc nos últimos meses.
Apesar de uma revisão para baixo da previsão de crescimento para 2012 (para 1,5%, contra 2% anteriormente), devido às incertezas na zona do euro, o FMI e a UE asseguraram que a Romênia estava "melhor preparada que outros países da União para enfrentar a tormenta financeira".
"As autoridades obtiveram progressos na implementação das políticas de austeridade, em um clima internacional muito difícil", afirmou FMI e a UE.
A Romênia fechou em março de 2011 um acordo do tipo preventivo, para obter uma linha de crédito de 5 bilhões de euros.
Um primeiro plano de resgate, adotado em 2009, que incluía um empréstimo de 20 bilhões de euros, obrigou o Bucarest a reduzir em 25% os salários do setor público e a congelar as aposentadorias, provocando uma dramática queda da qualidade de vida.
Além disso, milhares de postos de trabalho foram suprimidos no setor público. O FMI e a UE sugerem atualmente medidas similares à da Grécia para salvar o país da quebra.