Davos - Os líderes políticos e econômicos, incluindo o FMI, pressionaram mais uma vez neste sábado (28) em Davos a Europa para que tome medidas urgentes contra a crise da dívida e evite o contágio para o restante do mundo, enquanto preveem um futuro sombrio para a zona do euro.
"Ninguém é imune à situação atual europeia", porque o mundo "nunca esteve tão interconectado", disse no Fórum Econômico Mundial a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. "Por isso, todos têm interesse em que esta crise seja resolvida adequadamente", completou.
Lagarde pediu aos líderes europeus, que na segunda-feira se reúnem em uma novamente em Bruxelas, para que eles ergam rapidamente uma clara e simples barreira para evitar o contágio, adaptem as medidas de consolidação fiscal à realidade de cada país e incentivem políticas de crescimento, porque do contrário a situação pode piorar.
Mesmo os Estados Unidos e o Japão, que têm déficits fiscais maiores que o do velho continente, também têm feito pressões pela redução das dívidas.
Do contrário, podem ser realizadas as previsões de Nouriel Roubini, o único que previu a crise financeira de 2008.
"Há 50% de probabilidade de que a Eurozona se desintegre em três ou cinco anos", disse no Fórum de Davos este professor de Economia e Negócios Internacionais da Universidade de Nova York.
Roubini disse ainda que a Grécia, que negocia atualmente uma perdão de pelo menos metade da dívida em mão dos bancos e seguros, deverá abandonar a Eurozona em um ano e poderá ser seguida por Portugal.
A crise da dívida já comprometeu também os motores econômicos europeus, Alemanha e França, sendo que este último país, segundo Roubini, deve terminar na "periferia" da zona do euro, independentemente do vencedor das eleições presidenciais da próxima primavera.
"As políticas de austeridade extrema adotadas pelos países com problemas para reduzir os abismais déficits orçamentários levarão a Eurozona para a recessão", afirma.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Eurozona entrará em recessão em 2012, com uma contração de 0,5% no PIB.
A Espanha, um dos países mais atingidos pela crise, deve apresentar uma contração de 1,7% em 2012 e uma queda de 0,3% em 2013. Já a Itália cairá 2,2% em 2012, segundo o Fundo.
"O novo governo espanhol está tomando as medidas econômicas adequadas", disse Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI. Contudo, segundo o mesmo economista, o país não deverá cumprir sua meta de déficit de 6% do PIB este ano.
"Está claro que este governo está comprometido em tentar fazer o que for preciso e até agora os sinais têm sido positivos", disse Blanchard durante uma coletiva de imprensa, após apresentar uma redução das previsões do Fundo sobre a economia mundial.
O FMI estima que a Espanha tenha fechado 2011 com um déficit de 8%, em linha com o previsto pelo governo conservador de Mariano Rajoy pouco depois de assumir o poder.
Os países emergentes, por sua vez, em particular na Ásia, aparecem como os novos impulsionadores da economia mundial, em particular a China, que espera crescer este ano 8,2%, segundo o FMI, e Índia (7%). O Brasil, por sua vez, crescerá 4%, mais que no último ano.