A província canadense de Quebec atrai, anualmente, 1,4 mil brasileiros por meio de um programa estimulador de imigração, que auxilia na elaboração de currículos e de cartas de apresentação, além de repassar o anúncio de vagas. Se necessário, há ainda aulas gratuitas para aperfeiçoamento do francês (idioma oficial da região). O recém-chegado tem todos os direitos de um cidadão canadense, como assistência médico-hospitalar, previdenciária, além de outros benefícios extensivos a familiares (esposa e filhos). O programa não garante emprego, mas o governo ajuda na busca por uma colocação no mercado de trabalho. Segundo o assessor em relações públicas do escritório de Quebec no Brasil, Gilles Mascle, a qualidade de vida conta muito na hora de decidir mudar: no Canadá, o índice de criminalidade é mais baixo, a saúde é sempre gratuita e cerca de 92% dos alunos são da rede pública.
A promessa de uma vida melhor foi o que atraiu o analista de informação Marcos Rodolfo, 37 anos, que, em 2010, saiu de São Paulo rumo à vila de Sainte-Julie, nas proximidades de Montreal. Ele teve assistência do governo canadense para a mudança e, ao chegar ao país, recebeu indicações de locais para trabalhar. ;Tínhamos uma boa estabilidade, mas nos cansamos do Brasil e de todos os seus problemas. Mesmo ganhando menos, consigo manter quase o mesmo nível, já que não pago escola nem hospital;, atesta o hoje funcionário de banco, que vive com a esposa e os dois filhos.
Após selecionar quem pode trabalhar no país, o governo do Canadá emite o visto de residência permanente, desde que os candidatos satisfaçam as exigências locais. O interessado precisa ter formação tecnóloga ou superior, de acordo com o que o mercado carece, experiência profissional de no mínimo dois anos e nível intermediário da língua francesa. Também há preferência para quem tem até 35 anos. Em geral, o tempo de espera para receber o visto leva de 10 a 12 meses. Quebec possui leis de imigração diferentes das do restante do país, pois lá existe uma defasagem maior de profissionais qualificados. ;Está prevista a criação de 230 mil vagas nos próximos cinco anos;, conta Mascle.
O governo canadense investe pesado na divulgação do programa no Brasil e promove palestras em diversas cidades para captar potenciais imigrantes. Foi em um desses eventos que o auditor fiscal Wendel Farias Lopes, 37 anos, e sua esposa, a relações públicas Fernanda Calado Lopes, 28, decidiram migrar de Brasília para o Canadá. Depois de conhecer o país a passeio, o casal vai de mudança no segundo semestre, provavelmente em outubro. Já para a arquiteta Viviane Silva Berlim, 29, moradora do Guará, a motivação veio de familiares que residem no país há três anos. Ela diz que a segurança pesou na escolha. ;A taxa de homicídio em Gatineau, para onde vou, foi de 15 mortes por ano. Aqui, essa é a taxa de um fim de semana. Meus parentes vieram para cá (Brasil) e esqueceram a porta da casa deles aberta. Não houve qualquer problema;, exemplifica. Viviane está com passagem marcada para julho.
O analista de sistemas Júlio César, 35 anos, que parte para o Quebec em novembro, crê que o poder aquisitivo na província é mais alto que Brasília. ;Lá, imóveis enormes custam 200 mil dólares canadenses, cerca de R$ 400 mil. Esse é o preço de uma quitinete na Asa Norte;, compara.
Outra opção para quem está de olho em oportunidades de emprego qualificado no exterior é a Austrália, que tem preferência para receber profissionais das seguintes áreas: engenharias, contabilidade e tecnologia da informação. ;Eles têm mais facilidade de equivalência de reconhecimento de diploma;, explica o gerente regional da assessoria de imigração Viva na Austrália, Vinícius Barreto. Por meio desse programa, cerca de 100 brasileiros vão trabalhar em território australiano anualmente ; número considerado baixo pelos representantes do país. ;Por conta da exigência maior no nível de inglês, diminuiu a procura;, diz Barreto. Outro entrave é a burocracia. ;Precisa entregar todos os documentos acadêmicos e comprovar experiência;. O tempo do início do processo até o pouso na Terra do Canguru pode ser de 18 a 24 meses.
Apesar da lentidão e da quantidade de exigências, o país da Oceania tem pontos forte a seu favor. ;A Austrália está em vários rankings como um dos três melhores lugares no mundo para morar;, afirma Barreto, que viveu cinco anos no país, por meio do programa que hoje dirige. ;A adaptação é facilitada se o destino possuir algumas características da terra natal;, argumenta. Foi assim que o engenheiro mecânico Mauro Barros Lopes Filho, 38 anos, ex-morador de Porto Alegre, se consolou ao ver muitas características semelhantes ao Brasil em seu novo lar. ;Mesmo clima, praias boas. Os australianos são tão calorosos como os brasileiros;, conta ele, que mora lá desde 2008. E aconselha os futuros imigrantes: é bom guardar uma quantia razoável de dinheiro para os primeiros meses. Outra dica do engenheiro é se informar bastante sobre os destinos, saber se eles oferecem aquilo que o imigrante deseja. ;É importante saber qual é a vocação da cidade. Por exemplo, Melbourne é bem cosmopolita.;
O representante do Viva na Austrália garante que o mercado de trabalho local está bastante aquecido. Ele alerta que o programa não garante emprego a ninguém, mas afirma que os profissionais são absorvidos rapidamente pelas empresas de lá. ;Nós indicamos sites onde há oferta de vagas, mas a pessoa tem que ir atrás das entrevistas;, ressalta.
Contato direto
Existem outros destinos que também têm uma legislação mais flexível para imigração de profissionais qualificados, mas não possuem assessoria no Brasil. O interessado tem de entrar em contato diretamente com o país desejado, sem nenhuma mediação por aqui. A Nova Zelândia é um exemplo. Mais recentemente, a Alemanha, que vem nadando contra a corrente da crise financeira, conseguiu ampliar o número de empregos para estrangeiros. No ano passado, o país modificou sua lei de imigração, que agora vai ter menos obstáculos para esse trabalhadores.
O Japão, que historicamente oferece muita resistência a quem é de fora, tem sentido o impacto do envelhecimento da população e, agora, se vê obrigado a aliviar as barreiras. A partir de abril deste ano, entrará em vigor um sistema para receber profissionais altamente qualificados vindos de outras nações. O processo será por meio de pontuação, obedecendo aos seguintes critérios: nível educacional, experiência profissional e conhecimento da língua japonesa. Quem for considerado um trabalhador ;preferencial; terá direito a pedir o visto permanente depois de cinco anos morando no Japão. As facilidades serão restritas a profissionais ligados às áreas acadêmica, de pesquisa, médica e executiva, além de outros setores bem específicos.
Nacionalidade
Os que atenderem as exigências receberão vistos permanentes,
mas só terão a cidadania depois de algum tempo de vivência. No caso do Canadá, é preciso estar morando no país há pelo menos três anos. Na Austrália, a tramitação pode começar após quatro anos de moradia.
Mais detalhes sobre os programas de imigração qualificada nos sites abaixo:
www.imigracao-quebec.ca
www.vivanaautralia.com