Jornal Correio Braziliense

Economia

Negociação sobre dívida grega com bancos credores parece avançar

Atenas - As negociações sobre a reestruturação da dívida pública grega pareciam orientar-se nesta sexta-feira (20) para um acordo entre o governo e seus bancos credores, apesar não ter sido feito nenhum anúncio oficial.

Os representantes desses bancos credores - o americano Charles Dallara e o francês Jean Femierre - reuniram-se com o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, e com seu ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, nesta sexta-feira de manhã. Prevêem voltar à mesa de negociações às 17h30 GMT (15h30 de Brasília).

Também na tarde desta sexta-feira, o governo grego prevê consultas com seus parceiros da Zona Euro, mediante uma teleconferência com os diretores do Tesouro ou secretários de Estado das Finanças dos países que dividem a moeda única.

O objetivo da negociação é que os banqueiros aceitem voluntariamente perdoar 100 bilhões de euros de dívida pública grega para evitar uma quebra desordenada do país, o que poderia custar a eles muito mais dinheiro.

"O clima é bom (...) e esperamos que as negociações sejam concluídas em breve", disse nesta sexta-feira o porta-voz do governo grego, Pantelis Kapsis, à Radio 9.

Outra rádio, a Flash, afirmava ao meio-dia que um acordo teria sido atingido, mas não houve nenhuma confirmação oficial.

A eliminação desses 100 bilhões de euros de dívida, de um total de mais de 350 bilhões de euros, será feita mediante uma troca de títulos. O juros dos novos títulos que a Grécia emitirá dentro dessa troca, e a magnitude exata das perdas que os bancos terão continuam sendo alvo de especulação.

Segundo o jornal Kathimerini desta sexta-feira, o Instituto Internacional de Finanças (IIF), o lobby bancário, propõe que as novas obrigações da Grécia tenham uma taxa média de 4,25%, o que significaria para os bancos uma perda de 68% do valor de suas carteiras da dívida grega, em vez dos 50% inicialmente previstos.

De forma complementar às negociações para reduzir parte da dívida em mãos privadas, a Grécia negociava também nesta sexta-feira com seus credores institucionais, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para desbloquear um segundo plano de resgate para manter suas contas de pé.

O ministro Venizelos recebeu nesta sexta-feira de manhã os representantes do FMI e da UE, com os quais devia falar sobre o avanço do primeiro plano de resgate da Grécia, aplicado desde 2010 em troca de um plano de rigor, e das medidas necessárias para desbloquear o segundo plano, de 130 bilhões de euros, decidido pela Zona Euro em outubro.

Para obter esse segundo resgate, o porta-voz governamental não descartou a adoção de novas medidas de austeridade para sanear as finanças do país.

Se não alcançar um acordo com seus credores públicos e privados, a Grécia não poderá reembolsar 14,4 bilhões de euros em obrigações que vencem em 20 de março, o que significaria um default desordenado e perigoso para toda a Eurozona e inclusive para o resto do mundo.

Na Itália, outro país da Zona Euro afetado pela crise de sua dívida, o governo de Mario Monti estudava nesta sexta-feira em conselho de ministros um vasto programa de liberalização de vários setores (táxis, farmácias, distribuição de gasolina, gás ou profissionais liberais) para apoiar a atividade econômica.

O Parlamento grego votou medidas do mesmo tipo na quinta-feira à noite.

Em Portugal, sob ajuda financeira da UE e do FMI, assim como a Grécia, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho disse nesta sexta-feira que o país está atravessando "um momento realmente crítico", apesar de esperar registrar este ano um superávit comercial para a retomada da economia.