Jornal Correio Braziliense

Economia

Ministro do Desenvolvimento viaja aos EUA para negociar acordos comerciais


O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, embarca na segunda-feira para os Estados Unidos com uma importante missão: dar um passo a mais no estreitamento das relações com o parceiro comercial. A presidente Dilma Rousseff vai visitar os EUA em março, em retribuição à vinda do presidente Barack Obama ao Brasil no ano passado. Ela quer superar os desentendimentos comuns na gestão de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, quando os dois países divergiram várias vezes nos fóruns internacionais. O governo pretende negociar acordos com o objetivo de virar a pauta das exportações para o segundo maior destino dos produtos brasileiros, hoje dominada por itens básicos e semimanufaturados.

A principal reunião de Pimentel será com o secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke. Os empresários estão de olho nas negociações. ;O Brasil precisa consertar a política equivocada do passado. É impossível ignorar a maior economia do planeta como parceiro comercial;, disse o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. ;Hoje, a nossa balança reflete esses anos de distanciamento. Estamos pagando caro por isso.;

No ano passado, 54% das vendas brasileiras para o mercado norte-americano foram de produtos semimanufaturados e básicos, especialmente itens agropecuários (café, álcool etílico, açúcar e suco de laranja, por exemplo), petróleo e minérios. Para Castro, esses números estão subestimados e podem chegar a 70%.

Inversão
;Houve uma inversão na pauta durante a última década. Em 2002, 75,5% das exportações brasileiras para os EUA eram de produtos manufaturados. O que está ocorrendo é uma volta ao passado;, lamentou o economista. Segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior, as vendas de produtos industriais caíram de 52% do total em 2010 para 45,5%. Em sentido inverso, a participação dos básicos subiu de 30,8% para 33,7%.

As trocas são desvantajosas para o Brasil, pois 89,9% dos itens vendidos pelos EUA ao país são industrializados, que naturalmente custam mais caro. O saldo da balança comercial brasileira foi positivo em US$ 29,3 bilhões no ano passado, mas houve deficit de US$ 8,3 bilhões nas relações com os norte-americanos, quase o dobro dos US$ 4,4 bilhões negativos de 2008.

Mudança
A ausência do Brasil no roteiro de viagem do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, à América Latina é uma prova da mudança na política externa brasileira idealizada pelo então chanceler Celso Amorim, hoje ministro da Defesa, e pelo assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia. No governo anterior, Luiz Inácio Lula da Silva tinha ótimas relações com o líder iraniano, o que contrariava os interesses norte-americanos. Lula chegou a visitar o Irã, recebendo Ahmadinejad em visita de retribuição.