A Nissan precisava de um modelo básico para marcar sua presença no mercado brasileiro de forma mais contundente. Para isso, está trazendo do México o hatch compacto March, vendido com motores 1.0 e 1.6, em diferentes versões. O Correio testou a 1.0 S, que tem uma lista de equipamentos razoável para um carro desse segmento e que agradou pelo desempenho, consumo e espaço interno. O principal pecado é o acabamento interno, com materiais de qualidade inferior e falhas nos encaixes das peças.
Em relação ao visual, vale salientar que o desenho nunca foi um ponto forte dos modelos Nissan. Com o March não é muito diferente. Suas formas arredondadas são relativamente antiquadas ; os faróis, ovais, são encaixados no recorte do capô e para-lamas. A grade dianteira é simples, com barra cromada única, bem menor que a entrada de ar na parte inferior do para-choque.
As laterais são limpas e com linha de cintura baixa e o teto é arqueado com estranhas ondulações na parte superior. A traseira é mais chapada, com lanternas verticais, mantendo as formas arredondadas. A versão testada estava equipada com rodas de aço e calotas que não se encaixam perfeitamente, ficando projetadas para fora e sujeitas a danos.
Espaço
Para um compacto, o Nissan March tem espaço interno interessante. Na frente, motorista e passageiro vão bem acomodados, com bancos que apoiam bem nas laterais ; mas que são um pouco duros. O do motorista tem ajuste manual de altura. O banco traseiro leva três, mas é ideal para dois, já que falta apoio de cabeça no meio, onde o cinto de segurança é abdominal. Ali, o teto tem uma ondulação, aumentando o espaço para pessoas mais altas.
O acabamento é ponto fraco do March. O carro tem a proposta de ser simples para ter o custo mais baixo, mas os japoneses exageraram na mão. No interior, nota-se facilmente a presença de plástico de qualidade inferior e com encaixes malfeitos. O desenho do painel pode favorecer a ergonomia, por aproximar os comandos, mas seu desenho não é dos mais modernos.
O volante de três raios tem o aro fino, prejudicando a pegada, e conta apenas com ajuste de altura. O painel de instrumentos tem fácil visualização e os comandos dos vidros estão bem localizados nos painéis das portas, mas falta iluminação neles.
Para um compacto de proposta econômica, o March faz bonito. O motor 1.0 tem bons torque e potência e chega a proporcionar arrancadas nervosas quando o carro está vazio.
O câmbio tem trocas precisas, mas barulhentas e com o curso da alavanca longo. Com peso e ar-condicionado ligado, o rendimento cai bem. O consumo médio registrado foi de 8,7km/l na cidade e 13km/l na estrada com gasolina e 7km/l e 9,5km/l com etanol.
As suspensões foram calibradas para privilegiar a estabilidade. A direção, com assistência elétrica variável, facilita manobras e garante segurança em velocidades mais elevadas. Os freios funcionaram de forma eficiente, mesmo sem ABS (aliás, uma falta grave).
Passando a limpo
Acabamento da carroceria
As calotas parecem que não são originais, pois não perfilam perfeitamente com a borda do aro, deixando grande vão aparente, com aspecto ruim. As quatro portas têm montagem aceitável. A tampa traseira está descentralizada e o capô desalinhado/descentralizado. O acabamento da pintura é razoável. Os adesivos aplicados na coluna C direita e porta dianteira direita curiosamente não têm continuidade do lado esquerdo da carroceria.
Vão do motor
O resultado da insonorização é limitado em relação ao habitáculo com o motor em rotação média/ alta, causando desconforto auditivo. O acesso à manutenção não é bom, pois o vão é pequeno e o motor e seus componentes externos o preenchem bem. O capô tem bom ângulo de abertura. Os itens de verificação permanente têm fácil acesso e identificação. O reservatório de partida a frio está instalado dentro do acabamento plástico da base inferior do para-brisa, acima do painel de fogo. Para se ter acesso é necessário destravar a tampa plástica superior que não fica encoberta pelo capô e é vulnerável.
Altura do solo
Não tem de série chapa protetora em aço para o motor, mas não foram constatadas interferências com o solo no percurso misto de provas.
Climatização
É por comando manual. São quatro as velocidades da caixa de ar e cinco as de direcionamento do fluxo. Os difusores de ar do painel têm formato circular e giram 360 graus. Apresentou bom funcionamento e está bem vedado.
Freios
Não tem ABS nem como opcional. O pedal de freio tem boa sensibilidade e o sistema apresentou reações balanceadas nos dois eixos. Em frenagem simulada de emergência (asfalto seco e molhado) foi boa a desaceleração com manutenção da trajetória imposta. O freio de estacionamento atuou normalmente.
Câmbio
O trambulador não é silencioso. A qualidade de engate é razoável em maciez e com a primeira ou segunda marchas engatadas a alavanca fica muito próxima da perna e do banco do condutor. Quanto à precisão, é satisfatório. Em 5; marcha a 110km/h o motor gira a 3.500rpm, distante do torque máximo (4.350rpm), o mesmo a 60km/h a 3.400rpm.
Motor
Devido à arquitetura do cabeçote com quatro válvulas por cilindro, o torque máximo de 10kgfm atua numa rotação muito alta (4.350rpm) para um motor de 1 litro, prejudicando a dirigibilidade no uso cidade/estrada em rotações mais baixas, onde as trocas de marchas são constantes. Com ar-condicionado ligado e com carga máxima, o seu rendimento é discreto e requer paciência numa topografia acidentada.
Vedação
Boa contra água e poeira.
Nível interno de ruídos
O habitáculo não é silencioso e o efeito aerodinâmico inicia-se a 90km/h ; e é crescente com a velocidade.
Direção
Os pneus homologados são chineses do fabricante Maxxis. A coluna de direção tem ajuste em altura com bom curso. O diâmetro de giro é ótimo,
assim como a velocidade do efeito/retorno. A precisão na reta e em curvas é razoável. O conjunto apresentou em curva sobre piso irregular (terra, paralelepípedo e asfalto ruim) baixa rumorosidade. As cargas do sistema assistido estão bem definidas para o uso urbano/ estacionamento e em rodovias.
Suspensão
A estabilidade em geral é boa, contornando curvas com boa precisão e pouca inclinação da carroceria, mas os pneus são rumorosos numa condução mais esportiva em curva de raio curto/médio. O conforto de marcha merecia um melhor acerto e tropicalização para um hatch leve com motor de baixa potência.
Ferramentas
Não tem. A outra extremidade da chave de rodas é chanfrada, o que auxilia na retirada das calotas na hora da troca dos pneus.
Iluminação
Não tem sensor crepuscular e luz de cortesia somente no porta-malas. O habitáculo é iluminado por uma lanterna no teto com resultado aceitável. Os faróis têm refletor único e eficiência normal no baixo/alto. Não tem auxilio de faróis de neblina, nem regulagem elétrica de altura do facho em função da carga transportada.
Estepe/macaco
O estepe está instalado dentro do porta-malas, no assoalho. A roda e o pneu são iguais aos de uso. O kit de troca está encaixado dentro do aro. As calotas são do tipo integral e fixadas no aro sob pressão, sendo vulneráveis a furto. A operação de troca é normal.
Alarme
A chave de ignição é codificada e tem as teclas de travar/destravar as portas. Somente a porta do condutor tem função um toque e o sistema antiesmagamento atuou com precisão.
Volume do porta-malas
O declarado é 265 litros, o mesmo encontrado com o banco traseiro na posição normal e a tampa do bagagito fechada.
Notas*
Desempenho 8
Espaço interno 8
Porta-malas 7
Suspensão/direção 7
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 7
Segurança 7
Estilo 7
Consumo 8
Tecnologia 7
Acabamento 6
Custo/benefício 8
* De 0 a 10
Ficha técnica
Motor
Quatro cilindros em linha,
998cm; de cilindrada, 16 válvulas, com potência máxima de
74cv (gasolina/etanol) a
5.850 rpm e torque de 10kgfm (gasolina/etanol) a 4.350 rpm
Transmissão
Tração dianteira, câmbio
manual de cinco marchas
Suspensão/Rodas/Pneus
Dianteira, independente, McPherson; traseira, estruturada com eixo de torção; 5,5 x 14 em aço; 165/70 R14
Capacidades
Tanque, 41 litros; de carga
(passageiros e bagagem), 400kg