Depois de dias de intenso nervosismo, os investidores respiraram mais aliviados ontem, diante de boas notícias vindas dos dois lados do Atlântico. Nos Estados Unidos, a construção de moradias registrou alta de 9,3% em novembro ante outubro, atingindo 685 mil unidades, o maior nível em 19 meses, superando a previsão dos analistas, de aumento de 0,3%, para 630 mil imóveis. Na Europa, os ânimos melhoraram com a recuperação da confiança dos empresários da Alemanha e do sucesso da Espanha na captação de 5,6 bilhões de euros a juros de até 2,43% ao ano, menos da metade da taxa paga em operação anterior. ;Não dá para dizer que soltamos rojões. Mas, em meio à tanta incerteza, até que ontem deu para comemorar;, disse um operador de um banco estrangeiro.
Os mercados reagiram logo na abertura dos pregões. Tanto que a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) voltou a se situar acima dos 56 mil pontos, com a alta generalizada das ações. O Ibovespa, principal índice de lucratividade do mercado paulista, cravou os 56.864 pontos, com valorização de 2,83%, patamar máximo do dia, praticamente zerando as perdas do mês. O movimento financeiro somou R$ 5,7 bilhões. Mas, para os especialistas, é bom não se animar muito. Ainda que nada de muito ruim esteja no horizonte de curto prazo ; como a quebra de um país ou de um banco europeu ;, as oscilações da bolsa tenderão a continuar. Os investidores estão operando muito no dia a dia. Ou seja, embolsando os lucros rapidamente. O dólar recuou 1,04%, para R$ 1,845.
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 2,87%, e o Nasdaq, da bolsa eletrônica, saltou 3,19%. No entender dos investidores, aos poucos, a economia dos Estados Unidos vai dando sinais de que não está tão ruim quanto se imaginava, afastando-se de uma temida recessão. Na Europa, porém, a estagnação econômica é cada vez mais evidente. Mesmo assim, as principais bolsas subiram. Londres apontou incremento de 1,02%. Paris teve alta de 2,73%. Frankfurt, por sua vez, disparou 3,11%.
Os analistas estão de olho na posse do novo primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, marcada para hoje. Em discurso no parlamento, ontem, que o ratificou no cargo, ele reconheceu as dificuldades que enfrentará para tirar o país do atoleiro. ;Sei que as coisas não estão fáceis, mas tenho garra e determinação para levar a Espanha adiante;, disse. Sob seu comando, a Espanha terá de cortar 16,5 bilhões em gastos para reduzir um explosivo deficit fiscal.