Jornal Correio Braziliense

Economia

CNI reduz para 2,8% as projeções para a expansão da econonia em 2011

Robson Andrade, presidente da CNI" />
Diante da estagnação da economia no terceiro trimestre, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas geradas no país) em 2011 de 3,8% para 2,8%. A previsão para 2012 caiu de 3,4% para 3%. O desempenho industrial também será menor que o imaginado antes: 1,8% neste ano e 2,3% no próximo. ;A indústria avançará menos do que o PIB, em função da desaceleração da demanda e do avanço da inflação. O quadro de 2011, de certo modo, permanece em 2012;, explicou Flávio Castelo Branco, gerente da Unidade de Política Econômica da CNI.

Na avaliação dele, as previsões ;são ruins;, considerando um
cenário externo não tão crítico. ;Se a situação da Europa piorar, aí não sabemos como vai ficar. É preciso estarmos atentos ao que vai acontecer na Europa;, afirmou Branco. O cálculo da inflação medido pela equipe econômica da CNI para este ano foi corrigido para cima: 6,5%, exatamente no teto da meta oficial. Na pesquisa do mês passado, a expectativa era de 6%. Em 2012, os preços subirão 5,2%, segundo os números do Informe Conjuntural da entidade divulgado ontem.

O economista destacou que o ritmo do PIB do Brasil deve ficar abaixo da média global neste ano, algo que não acontecia desde 2009. O mundo deverá avançar 4% este ano e as economias emergentes, 6,4%, conforme estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). O crescimento brasileiro previsto pela CNI está acima apenas do 1,6% estimado para as nações desenvolvidas. ;No primeiro semestre, com a economia mais aquecida e o Banco Central tomando medidas para desaquecê-la, como aumento da taxa de juros. Neste semestre, as ações foram para estimulá-la devido ao impacto da crise mundial;, completou.

O presidente da CNI, Robson Andrade, revelou que o resultado da indústria pegou o setor de surpresa. ;Não esperávamos um crescimento tão baixo. Fomos surpreendidos por vários fatores negativos, como juros altos, taxa de câmbio, baixo nível de investimentos e grande volume das importações, que dificultaram a competitividade da indústria;, disse. Na avaliação dele, a indústria pode crescer 5% desde que a taxa de investimento no país fique entre 22% e 25% do PIB e não nos atuais 18%. ;Alguns fatores vão melhorar. O câmbio deve se estabilizar em R$ 1,80 e os preços das commodities devem ajudar a controlar a inflação. Alguns investimentos, especialmente em infraestrutura, deverão ser retomados no próximo ano porque ficaram parados este ano, como rodovias e em energia.;

Outro fator preocupante, na avaliação do empresário, é a acomodação do consumo e do emprego. A CNI estima uma redução no ritmo de expansão do consumo das famílias de 6,9% em 2010 para 4,2% neste ano e 4% em 2012. Já o desemprego deverá ficar na casa dos 6% este ano e 5,8% no que vem. ;Os salários tiveram reajustes acima da inflação, mas estamos mais preocupados com o peso dos encargos do que com o aumento da renda, que é positiva.;


Demissões em São Paulo
A indústria paulista vai fechar cerca de 41 mil vagas de trabalho neste ano, segundo a projeção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Só em dezembro, devem ser demitidos 77 mil empregados. ;Será um desempenho muito ruim, que contrasta com uma situação de amplo emprego em todo o país;, disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade. O desempenho de novembro foi o pior para esse mês desde 2006, quando começou a série histórica: 46,5 mil dispensas, mais do que o dobro do ocorrido no mesmo período do ano passado. O destaque negativo foi o setor de produtos alimentícios, que enxugou 32.718 postos, seguido dos segmentos de petróleo e biocombustíveis (4.186 dispensas) e de automóveis (1.940).