O nervosismo voltou a dar o tom nos mercados financeiros na quarta-feira (14), diante da indefinição que tomou conta da Europa. Os investidores estão cada vez mais desconfiados dos líderes da região, diante do vaivém de promessas não cumpridas. Na dúvida, a ordem foi vender ações. Tanto que a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) registrou queda de 1,47%, cravando os 56.646 pontos, o nível mais baixo do dia. Com esse resultado, o Ibovespa, principal índice de lucratividade do pregão paulista, passou a acumular perdas de 0,40% no mês. No ano, os prejuízos alcançam 18,26%.
A bolsa brasileira embicou para baixo junto com o mercado acionário dos Estados Unidos. Em Nova York, o índice Dow Jones tombou 1,1% e o Nasdaq, do sistema eletrônico, 1,55%. Segundo os analistas, os investidores bem que tentaram, nos últimos dias, apegarem-se ao acordo fechado pelos países da União Europeia para impor um regime fiscal mais rigoroso ao bloco econômico. Mas o desânimo acabou prevalecendo, a começar pelas bolsas da própria Europa, todas no vermelho. Paris liderou a queda: 3,33%. Em Milão, o recuo foi de 2,84%; em Londres, de 2,25%; em Madri, de 1,75%; e em Frankfurt, de 1,72%.
Em meio à tanta desconfiança, o euro também despencou, ao ser negociado abaixo de 1,30 por dólar, ou seja, a 1,2904, o menor patamar desde 12 de janeiro. ;O euro está sob pressão porque os mercados estão decepcionados com o resultado da reunião europeia do último fim de semana. O encontro foi considerado insuficiente para combater a crise fiscal e bancária que assola a região e está contaminando todo o mundo;, disse o economista Neil MacKinnon, do VTB Capital.
A tensão começou cedo, quando o governo italiano anunciou uma emissão de 3 bilhões em títulos com vencimento em cinco anos. Atolado em uma dívida que representa 120% de seu Produto Interno Bruto (PIB), o país comandado por Mario Monti teve de pagar juros recordes, que subiram de 6,29% ao ano, de operação similar realizada em 14 de novembro, para 6,47% anuais. A demanda pelos papéis chegou a 4,252 bilhões de euros, o que permitiu ao tesouro italiano captar o máximo de dinheiro previsto.
No mercado de câmbio do Brasil, o dólar voltou a disparar, movido pelas declarações da chanceler alemão, Angela Merkel. Ela não só admitiu que a crise europeia, a pior desde a Segunda Guerra Mundial, será longa, como reiterou a sua rejeição à criação de bônus comuns para a Zona do Euro. Para ela, ao adotar esse sistema, a Alemanha, o país mais rico da região, teria o seu risco equiparado aos da Itália e da Espanha, que estão a um passo da falência. Com isso, seria obrigada a pagar juros mais alto, encarecendo o seu financiamento. O dólar encerrou a quarta-feira cotado a R$ 1,874 para venda, com alta de 1,248%.