São Paulo ; O grupo inglês Penguin adquiriu 45% da Companhia das Letras, uma das maiores editoras brasileiras. O anúncio foi feito na segunda-feira (5) pelos executivos Luiz Schwarcz (Cia. das Letras) e por John Makinson (Penguin). ;Estamos nos associando ao melhor e maior grupo editorial do mundo e isso vai nos abrir muitas portas;, previu Schwarcz. No ano passado, as duas empresas já haviam selado um negócio que rendeu bons frutos. Elas se associaram para o lançamento dos clássicos da tradicional editora britânica em um selo conjunto com a brasileira.
Com o nome de Penguin Companhia Clássicos, a coleção publicou uma seleção composta por clássicos brasileiros e estrangeiros. Os livros reproduzem o acabamento das edições em inglês. Já os brasileiros têm desenho antigo das obras da Penguin, com o título no meio de duas faixas coloridas. O acordo previu a publicação de 24 títulos no Brasil com tiragem mínima de 5 mil exemplares por obra, custando entre R$ 15 e R$ 35 cada. O negócio anunciado ontem mantém o acerto do ano passado.
Segundo Schwarcz, 55% do capital continua com ele, fundador da Cia. das Letras, e com a família Moreira Salles. A Penguin é uma das editoras do grupo Pearson, já presente no Brasil no mercado de livros didáticos ; é dona dos sistemas COC, Dom Bosco, Pueri Domus e Name. A expectativa é ampliar a atuação da editora brasileira no lucrativo ramo da venda para o governo federal e para escolas particulares. A área digital da Companhia das Letras também deve ser beneficiada pela associação. Um dos incentivos será a inclusão de seus títulos na biblioteca digital da Pearson, usada por estudantes do ensino superior.
Além disso, a experiência da Penguin em edição, venda e promoção de e-books pode ajudar a brasileira a se destacar nesse
segmento. Só no primeiro semestre, e mesmo com a crise econômica mundial, as vendas digitais da Penguin cresceram 128%. Hoje, e-books respondem por 14% do total das vendas da companhia. Segundo Makinson, o negócio vai ser bom para ambas as partes. ;Vemos o Brasil, a China e a Índia como importantes oportunidades de negócios, mas não se trata de trazer a expertise da Penguin para o Brasil, que é um dos mais sofisticados mercados de edição e venda de livros;, ressaltou.