A ineficiência das empresas aéreas está jogando mais uma fatura no colo dos brasileiros neste fim de ano. Sem estrutura para suportar o movimento recorde esperado para dezembro ; pelo menos 16 milhões de pessoas passarão pelos balcões na última semana do mês ;, as companhias estão trocando as passagens e os horários dos voos sem aviso prévio aos passageiros. Sob o argumento de indisponibilidade de assento, as mudanças ocorrem até um dia antes da decolagem. Certos de que vão viver o caos aéreo nas próximas semanas, os clientes, além de enfrentar atrasos e filas intermináveis até mesmo para usar os banheiros dos terminais, ainda precisam, muitas vezes, arcar com as despesas extras pela troca do ticket. O pior: as operadoras não têm sequer o cuidado de telefonar para avisar sobre as alterações. Os comunicados são feitos, geralmente, por e-mail, e, às vezes, passam despercebidos.
O médico Jorge Vieira é um entre os muitos consumidores irritados. Morador de Brasília, ele vem sofrendo com mudanças não programadas no itinerário de suas frequentes viagens com a família para João Pessoa, sua cidade natal. Na última vez, ele foi informado por um breve e-mail da Gol de que seu voo para a capital paraibana tinha sido cancelado por ;razões operacionais;. A alternativa seria chegar ao destino de madrugada. ;Como tenho uma filha pequena, telefonei para evitar o desconforto e me deram outra possibilidade, mais complexa, com conexão no Rio de Janeiro;, relata.
Na opinião de Jorge, o primeiro contato deveria ter sido feito por meio de um telefonema de um funcionário da Gol, já que ele e sua mulher são considerados clientes preferenciais, com criança de colo. ;Como tenho horários de trabalho longos e inconstantes, preciso planejar viagens com muita antecedência. Geralmente, compro os bilhetes antes para brigar depois;, afirma. Uma outra consumidora reclamou ter recebido uma mensagem automática da companhia aérea cancelando seu voo apenas 48 horas antes da decolagem. ;Por sorte, tinha decidido confirmar a viagem por telefone. Quase fui surpreendida no momento do embarque;, conta.
Permissão
Para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), transtornos como os vividos por Vieira se justificam pelo fato de a venda do bilhete estar enquadrada como bem de consumo e, dessa forma, não ser ;norma de aviação regulamentada;. O órgão informa que, caso a empresa aérea decida por qualquer alteração depois da emissão da passagem, deverá oferecer ao cliente todas as informações necessárias. Mas elas podem chegar em cima da hora, atrapalhando os planos de famílias inteiras. Diante disso, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) orienta os passageiros a entrar em contato com a empresa aérea para confirmar horários de voo. A Anac abriu canal para reclamações 24 horas por meio do telefone 0800 725 4445 ou do e-mail www.anac.gov.br/faleanac.