PARIS - As crescentes preocupações sobre a crise da dívida nos Estados Unidos e na Europa, os sinais preocupantes sobre o crescimento chinês e as advertências lançadas recentemente pelas agências classificadoras têm colocado à prova os nervos dos investidores nestas últimas sessões e gerado dúvidas sobre os rumos da economia mundial.
Na Eurozona, a tradicional reunião entre França e Alemanha - celebrada na quinta-feira na cidade francesa de Estrasburgo - à qual foi convidado o novo primeiro-ministro italiano, Mario Monti, não serviu para que a chanceler alemã, Angela Merkel, cedesse às pressões de Nicolas Sarkozy sobre o papel do Banco Central Europeu (BCE) na crise da dívida, o que trouxe quedas para os mercados, que esperam uma participação mais ativa do BCE na gestão da crise.
Nos Estados Unidos, por sua vez, a "supercomissão" de democratas e republicanos do Congresso foi incapaz de alcançar um acordo para reduzir a dívida pública, que superou recentemente os 15 trilhões de dólares.
As incertezas políticas ante a crise deixaram o terreno livre para as agências classificadoras, que lançaram numerosas advertências.
Em agosto, a agência Standard and Poor;s retirou dos Estados Unidos sua máxima classificação creditícia (AAA), causando uma tempestade no mercado de ações. Outra agência, a Fitch, se pronunciará neste mês sobre as consequências do fracasso da "supercomissão". Já a Moody;s confirmou o triplo A dos EUA, mas disse que não descarta rebaixar sua nota no futuro.
Esta semana, a Fitch rebaixou a classificação de risco de Portugal e a Moody;s reduziu à categoria especulativa a nota da Hungria, país que voltou a pedir ajuda ao FMI e à UE.
A Fitch também pediu que o Japão adote rapidamente reformas para reduzir sua dívida de mais de 200% do PIB. A Moody;s, por sua vez, advertiu a França que o país pode perder seu ;triplo A; caso se agrave a crise da dívida na Eurozona.
Com isso, os investidores parecem pôr suas esperanças nos países emergentes, que também não estão a salvo das dificuldades. A atividade manufatureira da China, segunda maior economia do mundo, sofreu em novembro sua maior queda desde março de 2009, reavivando as incertezas sobre o crescimento mundial.
Os ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais do bloco sul-americano, Unasul, se reuniram nesta sexta-feira em Buenos Aires para discutir sobre como se proteger da crise europeia, que ameaça reduzir o crescimento da China, comprador chave de suas matérias-primas.
Segundo a secretária-geral da Unasul, a colombiana María Emma Mejía, os ministros adotarão medidas destinadas a "proteger as reservas monetárias, que alcançam os 600 bilhões de dólares; fortalecer o Fundo Latino-Americano de Reservas (FLAR) para que se torne mais robusto no caso de uma emergência; e aumentar as trocas comerciais em moedas locais, como fazem Brasil e Argentina".