São Paulo - Depois de mais de uma década de forte crescimento, a abertura de empresas de terceirização no estado de São Paulo caiu após a crise financeira de 2008, que teve origem no mercado imobiliário dos Estados Unidos e que contaminou as economias ao redor do planeta. A conclusão é de um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Entre 1995 e 2008, foram abertos, em média, 355 empresas de terceirização por ano, número que foi reduzido para 119 entre 2008 e 2010, uma queda de 66,5%. Entre 1985 e 1994 surgiram, em média, 41 empresas de terceirização por ano.
Até 2010, a Região Sudeste concentrava 5.342 empresas terceirizadas, que correspondem a 98,3% desse mercado. Dessas, quase todas (98,6% ou 5.178 empresas) se estabeleceram em São Paulo, empregando cerca de 700 mil trabalhadores. Quase metade dessas vagas (49,5%) foi aberta para fornecer mão de obra a serviços auxiliares de atividade econômica. Só em São Paulo, foram abertas, em média, 203 empresas do setor por ano, enquanto o Rio de Janeiro registrou média de apenas l,6 e Minas Gerais, l,l.
O ritmo de crescimento, em São Paulo, é maior entre as empresas de menor porte, com menos de 50 funcionários, que passou de 54% do mercado em 1985 para 65% no ano passado. O segmento das companhias que tinham entre 50 e 249 empregados praticamente manteve o ritmo de crescimento, de 23,9% para 23,6%. Entre as grandes empresas de terceirização, com mais de 250 empregados, o movimento se inverteu. Essas companhias perderam fatia de mercado nos últimos 25 anos, caindo de 21,4% de participação em 1985 para apenas 11,4% no ano passado.
;Esse é um momento de ajustes por causa de uma maior dificuldade em nível mundial. Ainda não sabemos se significará uma estabilização do setor;, avaliou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Ele defendeu a necessidade de uma política pública para o setor de terceirizações como forma de ;reduzir as desigualdades de contratações, condições de trabalho e, mesmo, de competição entre as empresas;. Ele observou que, apesar de responsáveis por cerca de 70% da geração de postos de trabalho no país, as terceirizadas pagam salários mais baixos. Citando um estudo do Ipea divulgado em outubro, o economista informou que os ganhos dos terceirizados correspondem a, praticamente, metade do que recebem os funcionários efetivos.
O levantamento foi feito com base em informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, e de dados do Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros do Estado de São Paulo (Sindeepres), o maior sindicato de trabalhadores terceirizados e temporários do Continente Americano, com 160 mil associados e representando mais de 700 mil trabalhadores do setor no estado de São Paulo.