Atenas ; Por 293 votos a favor e 38 contrários, o parlamento da Grécia aprovou na quarta-feira (16/11) uma moção de confiança no governo de unidade nacional chefiado pelo primeiro-ministro Lucas Papademos. O apoio parlamentar dará a Papademos condições de cumprir a promessa de acelerar a implementação das medidas de austeridade exigidas pelos credores em troca de um plano de socorro para tirar o país da situação de virtual insolvência em que se encontra e mantê-lo na Zona do Euro.
A consolidação do novo governo encerra também a crise política instaurada após o ex-primeiro-ministro Georges Papandreou ter apresentado uma malfadada proposta de submeter a referendo popular os termos do plano de socorro à Grécia formulado pela União Europeia, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE). Bombardeada pelos credores e combatida internamente pelos políticos, tanto da oposição quanto do próprio governo, a ideia acabou obrigando Papandreou a renunciar. Formada sob pressão dos credores, a nova coalizão de governo é integrada pelo Partido Socialista (Pasok) de Papandreou, pela Nova Democracia, de tendência conservadora, e pela organização de extrema direita Laos.
Fortalecido pelo apoio dos partidos majoritários, Papademos deverá iniciar com o diretor do Instituto de Finanças Internacionais, Charles Dallara, as negociações para o cancelamento de 50% da dívida grega em mãos dos credores privados, como bancos, seguradoras e grandes fundos de investimento. O desconto foi acertado em uma reunião de cúpula europeia em 26 de outubro para permitir que a dívida pública do país recue para 120% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020, contra os mais de 160% atualmente.
Garantias
Mergulhada numa grave recessão, que fez a economia encolher 5,2% no terceiro trimestre, a Grécia espera também o desbloqueio de 8 bilhões de euros da última parcela de um pacote de 110 bilhões de euros concedidos ao país em maio do ano passado. O ministro de Finanças, Evangelos Venizelos, disse que o dinheiro, essencial para evitar uma moratória, deve ser liberado ainda nesta semana. Os credores, no entanto, querem mais garantias do novo governo de que as medidas de austeridade exigidas serão implementadas.
Amanhã, Venizelos apresentará ao parlamento o projeto de orçamento para 2012, que deve expressar o compromisso da Grécia de respeitar as regras de saneamento impostas pelos credores. Também devem ser ratificadas as diversas medidas já votadas, com a possibilidade de dispensa de milhares de empregados do setor público. ;Ajudaremos a nós mesmos e a toda a Zona do Euro ao fazermos o que temos que fazer;, disse Venizelos na terça-feira ao parlamento.