Ganha força a previsão do mercado de que o terceiro trimestre de 2011 terá um Produto Interno Bruto (PIB) negativo. A maioria das projeções aposta que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que tenta prever a expansão do país e será divulgado hoje, ficará no vermelho em setembro, com queda de 0,05%. No mês anterior, o resultado já havia sido ruim ; um tombo de 0,53%. Dados do comércio, da indústria e do mercado de trabalho corroboram essa tese. Com isso, as expectativas para o último trimestre do ano também são ruins. Analistas começam a cogitar a possibilidade de recessão técnica, quando uma economia se retrai por dois trimestres seguidos.
Para Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, a retração da produção industrial em setembro e a desaceleração das vendas do comércio no terceiro trimestre reforçam a perspectiva de uma atividade econômica fraca no período. Para o fim do ano, as projeções são de mais arrefecimento. ;Esperamos que no quarto trimestre a desaceleração seja mais disseminada entre as categorias do comércio, intensificando o arrefecimento do consumo das famílias, ainda que o efeito da queda da taxa de juros (Selic) sobre o consumo de bens duráveis não deva ser descartado;, argumentou Barros.
A seu ver, no caso da indústria, não há expectativa de uma reversão na tendência de queda da produção, que deve encerrar o ano com uma pequena alta de 1,3%, quando comparada a 2010.
Panorama
Carlos Thadeu de Freitas, economista da gestora de recursos Franklin Templeton, observou que o ritmo menor da economia já está impactando inclusive os preços, que diminuíram o ritmo de alta nas últimas semanas. Maristella Ansanelli, economsita-chefe do Banco Fibra, calcula que o IBC-Br de hoje deva registrar uma queda de 0,6%. ;O setor automotivo tem registrado movimento muito fraco e puxou o PIB para baixo;, observou. ;Nesse panorama, o PIB do terceiro trimestre deve ficar negativo em 0,2%;, calculou Maristella.
O Itaú Unibanco é um dos poucos que prevê um resultado positivo para setembro, mas pequeno, de apenas 0,2%. Ainda assim, projeta que o intervalo de julho a setembro ficará no vermelho. ;Com esse resultado, o terceiro trimestre vai ficar no território negativo: uma contração anualizada de 0,7%, após crescer 2,2% no segundo trimestre e 4,3% no primeiro;, informou a instituição.