Jornal Correio Braziliense

Economia

Grécia nomeia Papademos para dirigir o governo de unidade nacional

ATENAS - Depois de árduas negociações, a presidência grega designou, nesta quinta-feira (10/11), Lucas Papademos para dirigir o novo governo interino de unidade nacional, encarregado de aprovar o plano de resgate imposto pela Europa, com novas medidas de austeridade.

O anúncio foi feito pela presidência da República depois de mais de quatro horas de reunião entre os líderes de três partidos, o PASOK, socialista; o da oposição Nova Democracia (conservador) e a formação de ultradireita LAOS, e seguiu-se à demissão do primeiro-ministro socialista Georges Papandreou. "Chegou-se a um consenso: a missão do governo é a implementação das decisões da reunião de cúpula da Zona do Euro de 26 de outubro, e da política econômica vinculada a essas decisões", diz o comunicado divulgado ao final da reunião.

As disposições tomadas incluem a eliminação de 50% da dívida grega em mãos de investidores privados, e uma nova ajuda de 130 bilhões de euros em créditos e garantias para a Grécia, desde que o país adote um comportamento mais rigoroso com suas contas.

Não foi divulgada nenhuma informação sobre a data das eleições antecipadas pedida pela direita para participar deste governo de coalizão. "Estou convencido de que a participação da Grécia na Zona do Euro é garantia de estabilidade monetária e um fator de prosperidade econômica", disse à imprensa Lucas Papademos, logo depois de receber do presidente Carolos Papulias a tarefa de formar um governo de transição.

O novo premier grego foi vice-presidente do Banco Central Europeu entre 2002 e 2010. Os representantes dos três partidos voltaram a se reunir à tarde para fixar a composição do novo governo de coalizão, informou uma fonte da direita. Por enquanto, ainda não foram anunciados os nomes dos novos ministros, o que poderá acontecer ainda hoje.

A escolha de Papademos, de 64 anos, que foi também governador do Banco Central da Grécia, acontece depois de quatro dias de negociações intensas, acompanhadas com preocupação e impaciência pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, que pediram uma saída política "clara" para salvar o país da quebra.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, que está em Pequim, pediu de lá mais "transparência política" à Grécia e à Itália, para acalmarem um mercado desestabilizado depois do anúncio da saída dos chefes de governo destes dois países europeus.

A Comissão Europeia exortou o novo governo de coalizão da Grécia a "transmitir mensagem de confiança" a seus parceiros europeus. A Comissão oficializou, também nesta quarta-feira, os sombrios prognósticos da economia do país, que prosseguirá em recessão em 2012, com uma contração do PIB prevista de 2,8%. Essa previsão agrava, mecanicamente, as estimativas do déficit público para o ano que vem.