Jornal Correio Braziliense

Economia

Rússia entra na Organização Mundial do Comércio após 18 anos de negociações

GENEBRA - A Rússia entrou nesta quinta-feira na Organização Mundial do Comércio (OMC), depois de 18 anos de difíceis negociações, paralisadas nos últimos três anos pela Geórgia devido às disputas fronteiriças, que marcaram as relações entre os dois países. "Concluímos oficialmente 18 anos de negociações, prova de que é necessário ser paciente nesta organização", disse à imprensa o diretor da OMC, Pascal Lamy. Ele reconheceu que este foi o processo mais longo de admissão de um país.

A China precisou de 15 anos para entrar na organização em 2001. "A Rússia cruzou o limiar da OMC", disse Lamy, antes de lembrar que, com este novo membro, a OMC cobrirá 98% do comércio mundial, em comparação com os 94% até agora.

O negociador-chefe da Rússia Maxim Medvedkov, reconheceu que quando seu país entregou em 1993 sua demanda de adesão, "não estava bem". "Hoje a situação é melhor", acrescentou. Um terço do PIB russo depende do comércio. Outros países da antiga União Soviética também negociam uma adesão na OMC, como é o caso do Uzbequistão, Belarus o Cazaquistão.

A entrada da Rússia foi aprovada por uma comissão especial da organização, que se reuniu pela última vez hoje. Seu presidente, o embaixador Stefan Johannesson, disse que este é um "resultado histórico para a OMC".

A próxima etapa do processo de adesão será durante a Conferência Ministerial em dezembro. Nesta ocasião será formalizada a adoção do país como novo membro.

O último tramite ocorre no Parlamento, após 30 dias da ratificação. "A Duma (Parlamento russo) vai ratificar a adesão no início de janeiro", informou o negociador russo.

Para entrar na OMC, cada país candidato precisa negociar bilateralmente com todos os Estados membros sobre o aceso mútuo ao mercado, o que explica a lentidão do processo.

A Geórgia, membro da OMC desde 2000, bloqueou as negociações russas por três anos por causa das disputas fronteiriças. Graças à intermediação da Suíça, Rússia e Geórgia firmaram na quarta-feira um acordo para acabar com as disputas, o que liberou o processo de adesão russo.

Antes disto, a Rússia precisou concluir 30 acordos bilaterais para ter acesso aos mercados de serviço e 57 para o acesso de bens. Para os acordos, Moscou concordou baixar suas tarifas para 7,3%, contra os 10% hoje. No que diz respeito às telecomunicações, concordou em acabar, dentro de quatro anos, com o limite máximo de 49% de capital estrangeiro.

No domínio bancário, os bancos estrangeiros poderão abrir filiais livremente na Rússia, mas não poderão representar mais do que os 50% do sistema bancário russo.

Além disso, a partir da data de entrada, as importações de álcool e produtos farmacêuticos não precisarão de licenças para importação. O país também se comprometeu em aplicar taxas comerciais "normais" para o gás natural.