Os inquilinos que terão seus contratos de locação reajustados em novembro podem respirar um pouco mais aliviados. O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), responsável pela correção da maior parte dos aluguéis, desacelerou de 7,46% para 6,95% nos últimos 12 meses encerrados em outubro.
O alívio, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), foi proporcionado pela diminuição das pressões nos custos, tanto no atacado quando a nível do consumidor, o que aumentou as chances de o indicador fechar abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ; utilizado pelo governo para definir a taxa básica de juros (Selic). Em outubro, a inflação medida pela FGV foi de 0,53%, abaixo dos 0,65% registrados em setembro.
Parte dessa redução se deve à queda do dólar e ao menor impacto da divisa nos preços de commodities (produtos básicos com cotação internacional). O Índice de Preços no Atacado (IPA), que representa 60% do IGP-M, desacelerou de 0,74% para 0,68%, puxado principalmente pela soja em grão e pelo óleo bruto de soja. Os dois produtos, que haviam registrado alta na medição de setembro ; 5,92% e 10,43% ;, tiveram quedas de 1,83% e 4,52% em outubro.
Para o economista André Braz, da FGV, o comportamento mais favorável da inflação deve continuar nos últimos dois meses do ano, suavizando as pressões sobre o IGP-M. ;O conjunto de preços agropecuários passou de uma alta de 1,57% para uma
estabilidade de 0,04%. Se não houver surpresas, o cenário deve continuar, o que vai acabar ajudando o índice ao consumidor em novembro;, comentou.
Repasse
A expectativa do analista se apoia no processo de transmissão da alta mais moderada do setor produtivo para os preços às pessoas físicas. ;Apesar de o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ter sido ajudado por alimentos em outubro, foram os itens mais voláteis, como as hortaliças, que comandaram o arrefecimento. Se o alívio do IPA for repassado, o consumidor será beneficiado;, ponderou. A previsão de Braz para o IPC em novembro é de que de alta próxima à registrada em outubro ; 0,26%.
Na contramão, construção acelera
O único componente do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) que foi na direção contrária e mostrou aceleração em outubro foi o Índice Nacional da Construção Civil (INCC). O indicador avançou de 0,14% para 0,20% na última medição, puxado pelos custos da mão de obra, que avançaram de 0,01% para 0,16% no período. No ano, o INCC acumula alta de 6,68% e, nos últimos 12 meses, de 7,70%.