Santo Antônio do Descoberto (GO) ; O lançamento oficial do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) em Santo Antônio do Descoberto (GO) ; a primeira cidade a receber o projeto ; aconteceu há dois meses. De lá para cá, a constatação: o projeto tem velocidade de sobra para a conexão, mas falta informação para o público. Por um lado, é possível navegar com até 60% da velocidade nominal de 1Mbps nos horários de picos e nas outras horas pode-se obter velocidades acima da média. No entanto, o desconhecimento sobre projeto é geral ; e até mesmo para quem já utiliza a internet. De cada 10 pessoas que o Correio ouviu na cidade, apenas duas o conheciam.
Segundo dados da Sadnet, empresa responsável pelo serviço na região, apenas 90 moradores do lugar, localizado a 50km da capital federal, aderiram ao PNBL ; sendo 45% migrantes de outros planos com o intuito, principalmente, de pagar mais barato. ;A maior parte das pessoas que nos procuram quer saber como funciona o subsídio do governo, pois de fato acham o valor baixo;, explica Evandro Menezes, sócio-diretor da Sadnet.
Para tentar divulgar o serviço pela cidade, a rádio comunitária anuncia constantemente os benefícios e para explicar como funciona a adesão ao plano, que deve atingir 40 milhões de domicílios até 2014. A aluna do ensino médio Stefanny Valverde, 16 anos, o conheceu dessa forma. Enquanto escutava a emissora, soube de um sorteio de um computador, com mesinha e um ano grátis de internet pelo plano do governo. A jovem foi uma das primeiras pessoas na cidade a contar com o serviço. ;Nunca tinha ouvido falar nesse plano do governo, mas acho bom para ajudar pessoas de baixa renda como eu;, explica a estudante.
A chegada da internet provocou uma reviravolta na casa dela, em um bairro distante 7km do centro de Santo Antônio do Descoberto. ;A rede tem me ajudado principalmente nos estudos. Todos os meus amigos já tinham acesso à web em casa. Antes eu tinha que caminhar bastante até chegar em uma lan house e pagava cerca de R$ 1 por hora. Agora, posso fazer tudo sem sair do quarto; e ainda vou ensinar as outras seis pessoas que moram aqui;, conta Stefanny. A estudante ressalta que, mesmo morando em uma região afastada, nunca teve problemas com a velocidade de acesso. ;O problema é que aqui falta muita energia, o que atrapalha bastante.;
A costureira Francisca Maceno, 46 anos, tem internet via rádio em casa, mas não é a oferecida pelo PNBL. ;Eu nem sabia que isso existia. Sei que pago o acesso pela Sadnet, mas não por esse plano mais barato. Faz tempo que isso está aqui? Vou ter que pesquisar;, resignava-se a moradora da cidade de Goiás. Os filhos utilizam a web para se comunicarem com colegas e para pesquisas. ;A única reclamação que tenho, como diz minha filha, é que quando a conversa está na parte mais interessante, a conexão cai. Além de que quando chove, fica muito lento;, reclama.
Segundo Evandro Menezes, da Sadnet, a divulgação está sendo feita da melhor maneira possível. ;Além da rádio, temos o serviço de telemarketing para alertar as pessoas sobre o serviço. Quem mais procura são os moradores de baixa renda, pois, para elas, o outro serviço ainda é muito caro;, explica. O PNBL ainda esbarra em um outro problema, o valor do modem. Além dos R$ 35 de mensalidade, o usuário deve adquirir um equipamento que custa R$ 299. O sócio da empresa concorda com o valor alto do equipamento como principal barreira para difundir ainda mais o serviço. ;Os dispositivos são importados. O que conseguimos fazer é dividir em até 12 vezes o valor. Há aparelhos mais em conta no Brasil, mas que não têm a mesma qualidade;, garante.
As metas do PNBL
O Plano Nacional de Banda Larga tem previsão de custo de quase
R$ 13 bilhões. Além de Santo Antônio do Descoberto, outras 99 cidades devem receber o PLNB ainda este ano. A maioria está na região Nordeste e Sudeste. Até 2014, o plano vai achegar a 25 capitais.
A mais cara do mundo
Um estudo da Organização da Nações Unidas (ONU) revelou que o Brasil tem a banda larga fixa e móvel mais cara do planeta. O trabalho constatou que o custo mensal de um pacote de 1GB móvel é de US$ 51,27, enquanto que em países como o Quênia vendem algo semelhante a US$ 26,24. No Vietnã, o preço é ainda mais baixo ; R$ 6,34. Quanto à banda larga fixa, o Brasil também perde feio. Por aqui, o custo é de US$ 31,31; no Marrocos, menos de US$ 12.