BRUXELAS - O descontentamento era latente no domingo entre os dez países da União Europeia que não são membros da Eurozona - com a Inglaterra à frente - irritados com a insistência dos Estados que compartilham a mesma moeda em tomar decisões sem consultá-los. Além da Inglaterra, Suécia e Polônia têm demonstrado cada vez menos tolerância à propensão de seus sócios da Eurozona em tomar decisões que envolvem todo o bloco sem consultá-los
A crise da dívida obrigou os países que compartilham o euro a blindar suas políticas econômicas nacionais e endurecer sua disciplina orçamentária comum. "A crise da Eurozona afeta a todas às economias europeias, incluindo a da Inglaterra", disse o primeiro-ministro britânico David Cameron.
Segundo ele, a Eurozona tem tomado decisões vitais para os outros países do Mercado único, como as decisões sobre os serviços financeiros que dizem respeito a todo o Mercado único", disse Cameron.
Como consequência, os britânicos exigiram - e foram atendidos - que também fosse convocada outra reunião em Bruxelas para todos os países da UE. "Cameron, com um senso do humor peculiarmente britânico, se surpreende que a Eurozona se reúna. É curioso que alguém que vive dizendo que o euro é uma coisa ruim queira assistir a essas reuniões", disse uma fonte europeia.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse a Cameron que "estava cansado de ouvi-lo dizer o que temos que fazer", disse o Daily Telegraph e The Guardian, citando fontes diplomáticas. "Ele não quis adotar o euro e agora quer meter-se em nossas reuniões", teria dito Sarkozy, segundo os jornais.
O primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, cujo país também não pertence à Eurozona, fez coro a Cameron e criticou as reuniões abertas apenas aos membros da Eurozona. Os dirigentes dos países não-membros da Eurozona receberam o apoio do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que também não aprova as distinções nos encontros europeus. "Não deveria existir nenhuma separação entre a Eurozona e o restante da União Europeia, disse.
A Eurozona acelerou seus planos nesta segunda-feira para evitar que a Itália, terceira economia europeia, seja a próxima vítima da crise da dívida, e está prestes a acertar um acordo com os bancos para que aceitem um "substancial" perdão do reembolso da dívida grega.