Bruxelas ; Os ministros de Finanças da União Europeia chegaram ontem a um princípio de acordo sobre a recapitalização dos bancos da região. As diretrizes do plano foram redigidas e serão apresentadas hoje na reunião de cúpula dos governos da região. Mas a decisão final deverá ser tomada somente na próxima quarta-feira, na segunda etapa do encontro dos líderes.
Conforme a proposta acertada, as instituições financeiras serão obrigadas a aumentar o capital para que tenham no mínimo 9% de alta qualidade (classificação Tier-1), o que exigirá aporte de cerca de 100 bilhões de euros. O percentual exigido é quase o dobro dos 5% requisitados nas provas de estresse do sistema feitas em julho, para verificar a capacidade dos bancos de suportar choques financeiros. O montante acordado para a recapitalização é metade do considerado necessário pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que estima valor de 200 bilhões de euros.
O plano para reforçar os bancos europeus é uma parte do pacote abrangente de medidas a serem adotadas pelos países da região, com o objetivo de estancar a crise de dívida e bancária do bloco. Durante as discussões, os ministros da Espanha, Itália e Portugal demonstraram preocupação com os custos do aporte. Isso porque as instituições que não conseguirem levantar os recursos no mercado terão de recorrer aos governos nacionais.
Ambição
Após o progresso nas diretrizes do plano de recapitalização dos bancos, a chanceler alemã, Angela Merkel, está confiante no avanço dos esforços para que haja uma resposta à crise da região até quarta-feira (26), quando ocorre a segunda etapa da reunião da cúpula da União Europeia. ;Temos de tomar decisões de longo alcance. Isso precisa ser preparado apropriadamente, e eu acredito que os ministros das Finanças fizeram progresso, então podemos alcançar nossas ambiciosas metas até quarta-feira;, afirmou ela.
A proposta do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de ligar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) ao Banco Central Europeu (BCE), para que tenha um canal mais rápido de obtenção de recursos, foi rejeitada durante o encontro ministerial de dois dias encerrado ontem em Bruxelas, na Bélgica.
Os ministros das Finanças também concordaram que os detentores de títulos da Grécia terão que assumir uma perda bem maior que os 21% acertados em julho. ;Nós concordamos ontem que temos que ter um aumento significativo na contribuição dos bancos;, afirmou o presidente do grupo da Zona do Euro, Jean-Claude Juncker. Segundo ele, os ministros concordaram em aumentar ;substancialmente; a contribuição do setor privado no segundo pacote de resgate grego, que chega a 159 bilhões de euros (US$ 221 bilhões).