A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que serve de prévia da inflação oficial do país (IPCA), subiu 0,42% em outubro ante a alta de 0,53% no mês anterior. O resultado menor foi puxado pela desaceleração dos preços de alimentação e bebidas (de 0,72% para 0,52%) e do vestuário (de 1% para 0,38%). Brasília apresentou o maior avanço, 0,77%, influenciado sobretudo pelo aumento médio de 13,01% das passagens aéreas. Em setembro, a inflação medida pelo IPCA-15 na capital federal foi de 0,79%.
Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 acumula uma alta de 5,48% em 2011 e de 7,12% nos últimos 12 meses. Em outubro de 2010, a taxa havia ficado em 0,62%. O IBGE revelou que alimentos importantes continuaram em alta, mas em ritmo menor, como leite (de 2,64% para 1,43%) e carnes (de 1,79% para 0,55%). E o preço de outros continuaram em queda: hortaliças (de -1,23% para -3,11%) e tomate (de -1,66% para -6,27%), por exemplo.
O consumidor, contudo, ainda não notou essa desaceleração. Para o administrador Evandro Antônio Silva, 40 anos, a alimentação ainda pesa no orçamento. ;Não percebi produtos mais baratos. Pelo contrário, continuam subindo absurdamente, sobretudo carne, verduras e legumes;, disse. Silva mora sozinho e gasta quase R$ 300 por mês com refeições. ;Isso porque raramente almoço em casa.;
As irmãs e donas de casa Amélia Augusta dos Santos, 49, e Neide Santos Cortez, 53, também estão insatisfeitas com a permanente alta de preços. ;Tudo está cada vez mais caro. Desse jeito não dá;, reclamou Neide. ;Como não podemos parar de comer, procuro comprar tudo na promoção. Só levo leite se tiver desconto, porque subiu muito recentemente;, completou Amélia.
Selic em queda
O anúncio do índice mensal veio um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduzir a taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual, para 11,5%. Mas apesar do aparente alívio nas pressões inflacionárias e convergência com a decisão do BC, analistas ouvidos pelo Correio divergem sobre o comportamento futuro da inflação.
;O ritmo menor de alta do IPCA-15 se deve a um efeito momentâneo, concentrado nos produtos agrícolas, e a tendência da inflação oficial é continuar salgada;, disse Flávio Serrano, economista do BES Investimento. Na sua opinião, o indicador vai registrar nova desaceleração em novembro, mas voltará a elevar nos meses seguintes, sobretudo fevereiro.
A vice-presidente do Banco Bracce, Patrícia Bentes, discorda e acredita que a notícia da desaceleração da inflação, mesmo reduzida, favorece a redução das expectativas de inflação e o corte de juros. ;O iminente desaquecimento global já sustenta o declínio da Selic. Duvido que o governo arriscará a estabilidade em favor do crescimento;, resumiu.
CAIXA CORTA JUROS
No embalo da queda da taxa básica de juros (Selic), a Caixa Econômica Federal anunciou ontem corte de juros de suas principais linhas de financiamento, para pessoas físicas e empresas. Para os consumidores, a queda mais expressiva foi de 3,10 pontos percentuais ao ano no financiamento de veículos. A taxa máxima dessa linha passou a 2,25% ao mês, ficando a mínima em 1,19%. Para as empresas, o crédito especial baixou 0,62 ponto percentual ao ano, para 2,36% ao mês. Em razão do período de férias, a Caixa anunciou ainda taxa promocional para o CDC turismo. Até janeiro de 2012, a taxa mensal recuará de 4,57% para até 2,98%. O cheque especial para empresas que precisam de capital de giro ou investimento baixa de 7,98% ao mês para 3,15%.