Atenas - A Grécia mantém-se paralisada nesta quarta-feira (19/10) pela greve geral de dois dias para protestar pelos draconianos cortes orçamentários um dia depois da Moody;s rebaixar brutalmente a nota da Espanha, aumentando a pressão aos líderes europeus por soluções à crise. Em meio aos novos problemas, a chanceler alemã, Angela Merkel, assegurou que está "convencida" de que os europeus irão solucionar a crise e dar uma nova linha de conduta à região.
Mais de 120.000 pessoas se manifestavam nesta quarta-feira, em Atenas, Salônica (norte) e outras cidades da Grécia, no primeiro dia de uma greve geral de 48 horas contra a austeridade, indicou a polícia, o que supõe uma mobilização recorde desde o início da crise da dívida de 2010.
Confrontos explodiram entre grupos de jovens e a polícia perto do Parlamento grego no centro de Atenas. Quase 200 jovens atiraram coquetéis molotov e pedras contra policiais que impediam o acesso ao Parlamento, provocando a resposta das forças de segurança com bombas de gás lacrimogêneo, enquanto 70.000 pessoas, segundo fontes oficiais, avançavam para a praça central de Atenas.
Ao mesmo tempo, o ministério espanhol das Finanças manifestou nesta quarta-feira sua "surpresa" pelo rebaixamento da nota da dívida soberana anunciada pela agência Moody;s.
Segundo a Espanha, a agência deveria ter esperado os resultados da reunião europeia de domingo em Bruxelas, disse um porta-voz. "O argumento principal que utilizam é a situação de instabilidade da Europa, então por que não esperam uns dias para ver a resolução europeia sobre esta questão?", disse à AFP um porta-voz que pediu anonimato.
Segundo ele, a decisão da Moody;s de rebaixar a nota da Espanha em dois níveis, de ;Aa2; para ;A1;, é um pouco contraditória. "Em julho eles disseram que colocariam em revisão o rating para possível rebaixamento em um nível", disse o porta-voz, que recordou que a agência classificou de "muito positiva" a reforma da Constituição para limitar o teto do endividamento do país.
O mercado, no entanto, pareceu ignorar o rebaixamento da classificação creditícia espanhola. O Ibex 35, da Bolsa de Madri, obteve ganho de 0,43%, encerrando aos 8.849,50 pontos.
Em meio à tensão, a chanceler alemã, Angela Merkel, assegurou nesta quarta-feira que está "convencida" de que os europeus irão "solucionar as coisas" e aproveitar a crise atual para dar à zona do euro uma nova linha.
O endividamento de alguns países da zona do euro é "um dos desafios principais que enfrentamos", disse a chanceler, mas "estou convencida de que vamos a resolver as coisas", completou.
Merkel prestou homenagem ao presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, que se despediu oficialmente em uma grande cerimônia na qual compareceu a nata da política europeia e a presidenta do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
O francês abandonará a presidência da instituição monetária europeia ao final de outubro.
A chanceler alemã insistiu em sua determinação de "atacar os problemas desde a raiz" e disse estar disposta a modificar os tratados europeus para que estes atinjam uma maior coordenação das políticas econômicas e mais disciplina orçamentária, as únicas medidas que poderão transformar a crise atual em "oportunidade".