Pretória ; A presidente Dilma Rousseff voltou a defender, ontem, a coordenação entre os países emergentes como forma de enfrentar as turbulências da economia global. Em visita a nações parceiras no continente africano, Dilma destacou que a crise expõe a fragilidade de articulação de alguns governos e conclamou as nações desenvolvidas a buscarem soluções ;para impedir que a situação fique incontrolável, afetando o restante do mundo;.
No encontro da cúpula formada por Brasil, Índia e África do Sul (Ibas), a chefe do Executivo brasileiro defendeu a necessidade de o grupo levar à reunião do G-20 (conjunto formado pelas 20 maiores economias do mundo), em novembro, uma mensagem de coesão política. Também ressaltou a importância de os países europeus resolverem o racha no bloco com a formalização de um acordo ;crível;. ;Não podemos ficar reféns de visões ultrapassadas por paradigmas vazios de preocupação social em relação ao emprego e à riqueza dos povos;, afirmou Dilma, referindo-se aos pontos mais sensíveis das reformas na Zona do Euro, que envolvem o corte de aposentadorias e de salários de funcionários públicos.
A exemplo da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que no fim da semana passada disse que os Estados Unidos deveriam observar as políticas brasileiras, Dilma ressaltou as ações brasileiras no combate à crise. ;O fortalecimento do mercado interno e uma política macroeconômica fiscalmente responsável são compatíveis com medidas de distribuição de renda e inclusão social. Sabemos que processos recessivos jamais levaram país algum a sair das crises e do desemprego. Temos credenciais sólidas para exigir novos fundamentos para uma arquitetura financeira mundial;, disse.
FMI
Dilma destacou ainda que a Índia, o Brasil e a África do Sul fizeram da rigorosa regulamentação financeira e da consolidação fiscal pré-requisitos na construção da solidez de suas economias ; questões que devem ser observadas, segundo ela, no processo de reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. A presidente pediu uma revisão na qual os países emergentes tenham poder de voto equivalente à importância que têm assumido na economia mundial. Para ela, as reformas dos organismos multilaterais acertadas em 2009 devem ser concluídas.