O impacto da alta do dólar sobre o custo de vida é maior sobre quem compra produtos importados, pois o repasse é quase total sobre o preço. ;Tudo dependerá do patamar em que ele se estabilizar;, diz o economista Armando Castelar, professor da Fundação Getulio Vargas. A classe média e os mais ricos, consumidores vorazes de artigos estrangeiros, sentem no bolso. Na cesta, estão cosméticos, perfumes franceses e aparelhos eletroeletrônicos. Alimentos como bacalhau, salmão, azeite de oliva e frutas secas encarecem. Até certas marcas de ração para animais domésticos entram na lista.
No caso dos produtos industrializados, que usam componentes importados, como tevês e aparelhos de som, o repasse da alta de custo com o dólar pode ser absorvido pelos fabricantes nacionais, por causa da conjuntura adversa. ;Há menor demanda por causa do desaquecimento global. No Brasil, a produção industrial já desacelerou. Portanto, há pouco espaço para aumento dos preços pelo setor;, avalia o economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank, Flávio Serrano.
Hospitais
Uma consequência da valorização de 8% do dólar desde agosto poderá ser sentida na área de saúde, dependente de aparelhos importados e de peças para manutenção. Segundo o superintendente da Federação Brasileira dos Hospitais, Luiz Fernando Silva, o pagamento dos equipamentos adquiridos com dólar mais alto afeta a qualidade do atendimento da rede hospitalar, que não tem como repassá-la para os planos de saúde, cujos contratos são revistos uma vez por ano, nem para os usuários particulares.
O setor hospitalar importa desde aparelhos de ressonância magnética e tomógrafos a insumos e materiais como marcapassos, próteses e medicamentos. ;Com certeza, a aquisição de equipamentos é adiada;, afirma Silva. Já a manutenção, que depende de reposição de peças importadas, não pode ser adiada, porque aparelho parado gera prejuízo maior.