BRUXELAS - A União Europeia apresentará nesta quarta-feira um ambicioso plano para recapitalizar os bancos e blindá-los contra uma possível suspensão de pagamentos na Grécia, um dia depois de a Eslováquia rejeitar um dos principais mecanismos para combater a crise da dívida.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, pediu nesta quarta-feira que os bancos europeus sejam recapitalizados para frear o contágio da crise da dívida, no momento em que a Zona Euro enfrenta uma "crise sistemática".
É necessário "recapitalizar os bancos de forma urgente", declarou Barroso ao Parlamento Europeu, em um discurso no qual pediu que se "maximize" a capacidade do fundo de resgate europeu, para o qual necessita do aval da Eslováquia.
O líder europeu pediu também para aumentar o capital mínimo dos bancos europeus. O plano é elevar esse capital para até 9% com o objetivo de preparar as instituições para uma recessão, quase o dobro dos 5% requeridos atualmente.
Barroso propôs aumentar a capacidade do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) de forma a poder utilizar o quanto antes este mecanismo para enfrentar a crise da dívida.
Dos 17 países da Zona Euro, resta apenas a Eslováquia aprovar o reforço do Feef. Mas o Parlamento eslovaco rejeitou na terça-feira a ampliação do poder do fundo de resgate, apesar de o resultado não ser definitivo, já que voltará a ser votado provavelmente nesta semana.
"Tenho plena confiança de que contaremos em tempo e forma com a ratificação do Feef", disse Barroso.
Quatro partidos políticos eslovacos comprometeram-se a apoiar a reforma na próxima votação, segundo a imprensa local. Juntos teriam 119 dos 150 assentos do Parlamento.
A ampliação do FEEF permitirá ao fundo comprar dívida dos países com problemas nos mercados secundários e, caso seja necessário, dar a essas nações empréstimos para a recapitalização dos bancos europeus.
As autoridades europeias buscam uma saída definitiva para a crise com o objetivo de que esta seja debatida durante a cúpula da UE em 23 de outubro e apresentada diante dos países industrializados e emergentes do G20 em 3 e 4 de novembro.
Uma das prioridades dos países europeus é a recapitalização dos bancos mais expostos para evitar uma propagação da crise ao setor bancário, sobretudo nos países mais ameaçados como França, Bélgica, Espanha e Itália.
O presidente da Comissão Europeia entregará nesta quarta-feira suas "propostas" para recapitalizar os bancos europeus, três dias depois de uma reunião-chave entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, para aproximar suas posturas sobre esse tema.
Um assunto que gera divergência é determinar se a injeção de capital nos bancos será feita pelo setor público ou privado.