Jornal Correio Braziliense

Economia

Zona Euro prepara últimos detalhes de plano de resgate à Grécia

Bruxelas - A Zona Euro prevê dar passos gigantescos nos próximos dias para encontrar uma solução definitiva para a crise da dívida europeia e aprovar o quanto antes o segundo plano de ajuda à Grécia, mostrando diante da cúpula do G20 um front unido em torno de medidas concretas.

Neste domingo (2/10), o governo de Atenas anunciou em comunicado que o déficit público da Grécia deve ficar em 8,5% do PIB em 2011, acima da meta de 7,4% fixada anteriormente, segundo o projeto de orçamento para 2012, examinado pelo conselho de ministros.

Após um déficit de 10,5% em 2010, a nova previsão supera a meta fixada pela lei plurianual votada no final de junho, que era de 7,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No entanto, é melhor que a projeção feita no início de setembro pela ;troika; de credores do país (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), antes de o governo grego adotar novas medidas de austeridade.

"Vamos dar passos muito importantes em matéria econômica" nos próximos dias, afirmou uma fonte europeia.

A preocupação de fundo é evitar o efeito dominó da crise da dívida, que além da Grécia ameaça grandes economias da Zona Euro como Itália e Espanha, terceira e quarta economias europeias.

Os ministros da Economia da União Monetária formada por 17 países da UE se reunirão na segunda-feira em Luxemburgo, enquanto que o total dos 27 países do bloco prevêem dar na terça-feira os últimos retoques ao segundo plano de ajuda de 160 bilhões de dólares prometido à Grécia em julho durante uma cúpula europeia.

A quinta-feira é também um dia-chave na agenda europeia com uma reunião do Conselho de Diretores do Banco Central Europeu (BCE), a última sob a presidência de Jean-Claude Trichet, na qual poderá anunciar medidas favoráveis à reativação econômica e aos bancos.

O eixo franco-alemão se reunirá nos "próximos dias na Alemanha" para acelerar a execução de medidas previstas para ajudar a Zona Euro, segundo anunciou o presidente francês, Nicolas Sarkozy.

"Um fracasso da Grécia seria um fracasso de toda a Europa", advertiu o presidente francês.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e Nicolas Sarkozy debaterão sobretudo "os meios para acelerar a integração econômica da Zona Euro".

Em 13 de outubro, está prevista uma nova reunião de ministros de Economia para desbloquear a última parcela de 8 bilhões de euros como parte de um pacote de ajuda prometido a Atenas em 2010, absolutamente necessário para dar certo alívio à Grécia.

"É altamente provável que sejam entregues os 8 bilhões de euros à Grécia", declarou a ministra da Economia austríaca, Maria Fekter, em entrevista publicada neste domingo.

Uma boa notícia é o retorno da "troika" de credores da Grécia (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) a Atenas para vigiar a aplicação das medidas de ajuste fiscal e as reformas impostas ao governo grego em troca de ajuda.

Uma cúpula de líderes da União Europeia está prevista para 17 e 18 de outubro, antes da runião do G20 na cidade francesa de Cannes em 3 e 4 de novembro.

Antes da cúpula do G20, os europeus esperam conseguir limar suas divergências para sair da crise.

Os 17 países europeus colocaram como meta aprovar antes da data o fortalecimento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef).

Até agora, 14 países aprovaram o plano de reforçar o Feef com o objetivo de que este possa comprar dívida soberana de países em dificuldades, conceder empréstimos preventivos a Estados da Zona Euro ou emprestar dinheiro para que recapitalizem seus bancos.

Os olhares estão todos voltados para a Eslováquia, que se negou a participar do primeiro resgate europeu no ano passado e até o momento nem sequer fixou uma data de votação.

No entanto, os líderes europeus prometeram aos Estados Unidos e aos países emergentes que estas medidas estarão em vigor no mais tardar em meados de outubro.

Muitos especialistas consideram que o volume do fundo de resgate fixado em até 440 bilhões de euros é insuficiente no caso de este ter de realizar um resgate da Itália ou da Espanha.