Brasília - O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, enfatizou nesta sexta-feira (30/9) que o cenário é favorável para o cumprimento da meta de superávit primário, economia feita para o pagamento de juros da dívida pública, este ano.
Maciel informou que, de janeiro a agosto, o resultado primário ficou em R$ 96,540 bilhões, em torno de 75% da meta para o ano, que é R$ 127,9 bilhões. Esse é o segundo maior resultado para o período desde o início da série histórica em 2001, perdendo apenas para o resultado de janeiro a agosto de 2008 (R$ 100,777 bilhões).
Em 12 meses encerrados em agosto, o superávit primário ficou em R$ 149,455 bilhões, o que corresponde a 3,78% de tudo o que o país produz ; Produto Interno Bruto (PIB). Segundo Maciel, se dessa conta for retirado o efeito da capitalização da Petrobras no ano passado, o resultado primário em relação ao PIB fica em 3,1%. Isso porque, em setembro do ano passado, o superávit primário foi influenciado pelo recebimento de receitas da exploração de petróleo, pagas pela Petrobras, em montante superior às despesas com a capitalização da empresa.
Para Maciel, esses resultados do superávit primário no acumulado do ano e em 12 meses ;mostram números muito favoráveis;, mesmo com a expectativa de aumento de gastos públicos no final do ano para o pagamento de benefícios previdenciários e do décimo terceiro salário.
Em agosto, o superávit primário (R$ 4,561 bilhões) caiu em relação aos resultados dos meses de junho (R$ 13,370 bilhões) e julho (R$ 13,789 bilhões). Maciel argumentou que é normal haver oscilações ao longo dos meses. Segundo ele, os meses de junho e julho tiveram resultado ;muito expressivo;. O resultado de agosto é o mais baixo para o período desde 2003, quando nesse mesmo mês foram registrados R$ 3,955 bilhões.
Maciel disse ainda que o desempenho dos governos regionais ; estados e municípios ; tem sido ;bem melhor este ano;, devido ao aumento de transferências de recursos da União e crescimento da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
De janeiro a agosto, os governos regionais registraram superávit primário de R$ 26,458 bilhões, ante R$ 18,014 bilhões registrados no mesmo período de 2010. As empresas estatais, excluídos os grupos Petrobras e Eletrobras, registraram superávit primário de R$ 1,744 bilhão, no período, contra R$ 1,930 bilhão nos oito meses de 2010.
Segundo o BC, os gastos com o pagamento de juros da dívida foram os mais altos da série para agosto (R$ 21,663 bilhões) e nos oito meses do ano (R$ 160,207 bilhões). De acordo com Maciel, ;valores nominais sempre aumentam;. No ano, a explicação do BC para o crescimento dos gastos com juros é o patamar da taxa básica de juros, a Selic, e a maior variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ;indicadores que incidem sobre parcela significativa dos títulos federais;.
Em 12 meses encerrados em agosto, os gastos com juros ficaram em R$ 230,531 bilhões, o que corresponde a 5,83% do PIB, o percentual mais alto desde agosto de 2008 (6,11%).