O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, disse nesta quinta-feira (29/9) que há elevada possibilidade de recessão em economias maduras. Ao apresentar o Relatório de Inflação, ele reforçou que a expectativa é que o ritmo lento do crescimento econômico global se estenda por um período mais prolongado do que se imaginava.
Nesse cenário de menor crescimento econômico mundial, há também indicativos de que os preços das commodities (produtos primários com cotação internacional) fiquem mais comportados em 2011. ;No ano passado, uma fonte grande de pressão inflacionária foram as commodities. O que temos observando é uma certa moderação. Há redução substancial das pressões vindas de commodities;, disse o diretor.
Para Araújo, a crise externa deve fazer com que os preços subam menos tanto no Brasil como nos outros países. ;O cenário internacional introduz um viés desinflacionário para o Brasil;. Araújo explicou que a expectativa não é de deflação (queda dos preços), mas de inflação mais baixa.
A projeção de referência do BC para a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é 6,4% este ano e 4,7% em 2012. O BC espera que o pico da inflação anualizada ocorra ao final deste trimestre, com recuo a partir do fim do ano.
[SAIBAMAIS]O diretor acrescentou que, para a economia brasileira, a expectativa é de crescimento moderado. O BC revisou a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, este ano, de 4% para 3,5%.
Araújo destacou ainda houve redução do descompasso entre oferta e demanda, moderação no crédito e no mercado de trabalho. De acordo com o diretor, os aumentos salariais também estão mais compatíveis com os ganhos de produtividade. "Entendo que qualquer ganho de salário real acima da produtividade, em algum momento, vai repercutir nos preços. O que temos observado com as informações que dispomos sobre convenções coletivas, acordos entre padrões e empregados, é um recuo nos ganhos reais de salários".
Segundo o diretor, o crescimento econômico no Brasil tem que ser compatível com a capacidade do país de investir. Na avaliação dele, será possível crescer de forma mais acentuada quando o país avançar em reformas estruturais e em ações que melhorem o ambiente de negócios e, assim, aumentar a taxa de poupança para investir.