BERLIM - O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, elogiou nesta terça-feira (27/9) em Berlim o esforço "sobre-humano" de seu país para superar a crise financeira que contamina a Zona Euro e inquieta todo o mundo. "As críticas permanentes contra a Grécia são profundamente frustrantes", disse Papandreu em um auditório de industriais alemães, citando o "esforço sobre-humano" de seu país e dos gregos, submetidos a "sacrifícios dolorosos".
Essas declarações são feitas após novas críticas, na segunda-feira, do presidente americano, Barack Obama, cada vez mais irritado com os atrasos dos europeus para resolver seus problemas com dívidas.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também pediu nesta terça-feira que os países europeus continuassem as reformas, assegurando que não há alternativa a não ser tomar "decisões difíceis". "Posso garantir que a Grécia vai cumprir com todos seus compromissos", prometeu o chefe de governo grego. "A Grécia vai recuperar o caminho do crescimento e da prosperidade depois deste período doloroso", completou.
Em Atenas - onde imperavam os engarrafamentos devido a uma greve do transporte público - o ministro da Economia anunciou nesta terça-feira que a sexta parcela do empréstimo internacional concedido em maio de 2010 à Grécia pela União Europeia (UE), o FMI e o Banco Central Europeu (BCE), será entregue em outubro.
"É ridículo dizer que a Grécia ou um país da Europa vai quebrar", disse o ministro Evangelos Venizelos. A sexta parcela do emprestimo, de 8 bilhões de euros, "será entregue a tempo, durante o mês de outubro".
A Grécia necessita de forma vital que seja entregue essa parcela de 8 bilhões de euros para evitar uma suspensão dos pagamentos de sua enorme dívida, que supera 350 bilhões de euros (mais de 150% do PIB), um problema que "assusta o mundo", segundo afirmou Obama. De fato, o planeta teme que uma suspensão de pagamentos da Grécia desequilibre o sistema financeiro europeu e o afunde em uma recessão, segundo o pior dos cenários considerados.
O Parlamento grego adotou nesta terça-feira de forma urgente um novo tributo imobiliário para reduzir o déficit público e respeitar as metas orçamentárias do país. O imposto, que faz parte das medidas de austeridade impostas por União Europeia, FMI e BCE, provocou uma onda de protestos na Grécia, onde mais de 70% dos habitantes são proprietários de imóveis.
A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou seu "absoluto respeito" aos esforços empreendidos pela Grécia. No entanto, reiterou nesta terça-feira sua oposição a novos programas de estímulo para reativar a economia mundial, ao considerar que se tratava de uma "má ideia".
A chanceler disse que a situação atravessada pela Europa "não é uma crise do euro", mas "uma crise da dívida", que precisa ter suas origens combatidas, reestabelecendo a ordem nas finanças públicas e na economia dos países afetados.