O mercado financeiro já acredita na possibilidade de o Banco Central cortar a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual na reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom), de 12% para 11%. Apesar de as projeções para a inflação deste ano superarem, pela primeira vez desde 2000, o teto da meta de 6,5% definido pelo governo, as taxas dos contratos futuros desabaram ontem. Os operadores interpretaram as últimas declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do BC, Alexandre Tombini, como um sinal de que o governo está vendo um agravamento forte da crise mundial e a prioridade é garantir um crescimento do país próximo de 4% neste ano e no próximo por meio da redução da Selic.
Pela pesquisa Focus, as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltaram a 6,52% neste ano e para 5,52% em 2012. Técnicos do governo garantem que o mercado está errado, mas os indicadores do país mostram o contrário e causam calafrios até nos mais otimistas.
No acumulado de 12 meses até agosto, a inflação oficial chega a 7,23%. No ano, a alta chega a 4,42%. Para setembro, a expectativa é de que o IPCA registre pelo menos o dobro do considerado ideal para que a taxa fique dentro da meta. Caso a previsão do mercado se confirme, Tombini terá de enviar uma carta ao ministro da Fazenda explicando as razões de seu fracasso. ;Não há como cravar que a inflação ficará acima da meta;, afirmou uma fonte do governo. ;O cenário de desaceleração desenhado pela equipe econômica está se confirmando, todas as projeções de crescimento para o mundo e para as economias centrais foram revistas para baixo;, argumentou.
Flávio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora, discordou, lembrando que, com a recente alta do dólar, a inflação pode subir, pois os importados deixarão de ser um contrapondo aos preços do mercado doméstico.