Jornal Correio Braziliense

Economia

FMI: países membros se unem para 'restaurar confiança'

WASHINGTON - Os 187 países membros do Fundo Monetário Internacional (FMI) se comprometeram neste sábado, ao final de sua assembleia em Washington, agir coletivamente para restaurar a confiança e a estabilidade financeira" de forma a "reativar o crescimento mundial".

"Acertamos atuar de forma determinada para enfrentar os perigos que ameaçam a economia mundial", afirmaram os membros do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (CMFI), instância que define as orientações políticas do Fundo.

Estes perigos "compreendem os riscos ligados à dívida pública, à fragilidade do sistema financeiro, ao debilitamento do crescimento econômico e a um desemprego elevado".

Os países da zona do euro - pressionados a agir por Estados Unidos, China e Brasil, entre outras nações emergentes - se comprometeram com seus parceiros do FMI a fazer "todo o necessário" para resolver a crise da dívida pública, segundo declaração conjunta do bloco.

"Os países da zona do euro farão tudo o que for necessário para resolver a crise da dívida e garantir a estabilidade financeira desta zona em seu conjunto e de seus Estados membros", assinalaram ao final da reunião em Washington. "Isto inclui por em prática a decisão dos dirigentes da zona do euro de 21 de julho para aumentar a flexibilidade do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, ampliar sua capacidade de ação, e melhorar a gestão da crise e a governabilidade na zona do euro".

Os chefes de Estado e de Governo da zona do euro obtiveram em julho um acordo para ampliar o espectro de ação do fundo de socorro do grupo e aumentar assim a ajuda à Grécia, à beira do calote, mas a medida ainda deve ser ratificada pela maioria dos Parlamentos da região, em um processo que só deverá ser concluído em meados de outubro.

A Alemanha defendeu a criação de um fundo permanente de estabilização europeia até 2013 e segundo seu ministro das Finanças, Wolfgang Schaeuble, ele pode ser implementado antes, "sem nossa objeção." Schaeuble se referia ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, que poderá substituir o atual EFSF, cuja vigência expira em 2013.

Este fundo permanente prevê contribuições dos credores privados no caso de apoio financeiro a países que lhes são devedores. Estas contribuições dos privados poderiam ocorrer mediante eventuais reestruturações da dívida.

O presidente do Banco Central chinês, Zhou Xiaochuan, afirmou que a "crise da dívida soberana na zona do euro deve ser resolvida rapidamente para estabilizar a confiança dos mercados".

"Medidas críveis e vigorosas de consolidação fiscal são necessárias nos países envolvidos para aliviar a carga da dívida soberana (...) e precisamos da cooperação mundial". Zhou também estimou que as reservas do FMI "poderão não ser suficientes para se enfrentar as necessidades potenciais dos países golpeados pela crise".

No mesmo sentido, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, estimou que os recursos financeiros da instituição são adequados para as demandas atuais, mas se apresentam frágeis em relação às necessidades potenciais de países vulneráveis em tempos de crise.

"Nossa capacidade de créditos, de cerca de 400 bilhões de dólares, parece confortável hoje, mas empalidece quando vista em relação às necessidades financeiras potenciais de países vulneráveis (...) e será útil discutir, em breve, as necessidades" do organismo.

"Devemos estar prontos para agir rapidamente, de forma flexível e se for possível, em maior escala (...) e esta situação reforça (...) a importância de uma aplicação rápida do aumento das cotas partes", decidida em 2010.